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Cinema | Nakufeva (Lizha James e Bang) | Opinião

“Nakufeva”, uma curta metragem produzida em Moçambique, conta a história de Jacob (Bang) e Lizha (Lizha James), um casal humilde e trabalhador, que vive numa zona periférica de Maputo. Lizha é a fiel e boa esposa, de português errado, cobiçada por outro homem, mais rico que o esposo Jacob. Este outro homem acaba ganhando em Jacob um inimigo. Paralelamente, o humilde casal, tira um prémio no totoloto e enriquece da noite para o dia. O dinheiro traz uma drástica mudança na vida do casal, inclusive na personalidade de ambos. Jacob deixa de ser um esposo presente, torna-se malcriado com a família, e torna-se amante da esposa do inimigo. Lizha, por outro lado, adquire outro tipo de indumentária, tornando-se elegante, mas continua com o português errado e mais ingénua do que nunca. Por forma a tentar salvar o seu lar, Lizha procura a ajuda de um pastor de igreja (este, tão duvidoso quanto o português da outra).

O filme tem uma premissa bastante básica, numa mistura de drama e sátira, sobre valores familiares, a prepotência do machismo, vingança e algumas crenças, facilmente espelháveis na sociedade actual. Propositadamente ou não, a película está mais para o género “musical”, do que qualquer outro, pese embora Lizha James seja a única intérprete das canções que compõem a trilha. O género, certamente, ficaria melhor servido se os personagens secundários coadjuvassem as canções e diálogos, como exige um bom musical. É verdade que as cancões e a cantora brilham bastante em cena, sendo um trunfo para o filme, embora acabem sobrepondo-se ao enredo. No que se refere à encenação da protagonista, o mérito é reduzido. A comunicação de Lizha simplesmente não funciona e a desliga por completo da personagem. Já Bang, parece bem mais natural e confortável no papel de Jacob. As cenas de luta exigiam claramente uma técnica mais aprimorada. As terríveis falhas tentaram ser trabalhadas pelo som. Vale o que vale.

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O filme peca também, por não ter continuidade e por ter um início confuso (não entendemos a “participação especial” do personagem interpretado por Gilberto Mendes, nem a sua função). Destaque vai para o actor que dá vida ao pastor, que emprestou uma certa dose de originalidade ao filme.

Refira-se ainda, que foi uma verdadeira saga conseguir assistir à película. Actualmente em exibição nos cinemas Lusomundo, a película foi encaixada entre as sessões de outros filmes. Ou seja, se um telespectador comprasse o bilhete para ver “shazam” por exemplo, teria primeiro, necessariamente, de assistir a curta metragem. Por razões óbvias, isto não funcionou. Como resultado, ao chegar ao cinema, não havia previsão exacta para a exibição desta curta metragem. Há que se ter em conta, que seja qual for a natureza ou propósito da obra, houve a promessa de divulgação da mesma ao público. Assim, o filme não tem de estar no meio da sessão de outro, tampouco deve ficar escondido / com a apresentação à merce do acaso. É preciso um horário próprio para a sua exibição, ainda que livre.

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A nossa pontuação: 2,9 de 5 estrelas.

Confira aqui o trailer: