“Quando Audrey e Nomssa ultrapassaram a distância que mantinham nos primeiros encontros, rompendo a barreira turva da indecisão – as suas conversas passaram para lá da simples vida académica. Puseram de lado o jargão escolar. Já falavam das suas próprias vidas aberta e intimamente. A amizade consolidava-se a olhos vistos”
Duas grandes amigas.
Um homem apaixonado.
E uma decisão que muda dois destinos.
Opinião
Encontro em Rosebank é o mais recente trabalho do autor Lex Mucache, publicado pela editora Fundza, cujo lançamento está previsto para o dia 28 de Fevereiro de 2023, na cidade de Maputo. A narrativa tem como foco uma história de amor, mas não só. O empreendedorismo, a amizade e o crescimento pessoal são explorados nesta deliciosa história onde um homem em busca de um sonho, acaba se reinventado e descobrindo as suas verdadeiras ambições pessoais.
Por um lado, temos a história de amizade entre as sul africanas Audrey e Nomssa e por outro, temos a trama do protagonista moçambicano Hermes. Fascinado desde sempre pela famosa académica e bloguista Nomssa G’qola, Hermes decide um dia viajar para a África do Sul, com o objectivo de participar numa palestra ministrada por Nomssa, na esperança de poder conhecer pessoalmente esta mulher que tanto admira à distância. Algum tempo depois, em meio a várias peripécias, Hermes e Nomssa iniciam um romance virtual. No decurso deste processo, Hermes acaba também criando outros novos vínculos que pesam no seu desenvolvimento pessoal. O autor impressiona pela criatividade ao elaborar uma trama tão dinâmica quanto surpreendente no caminho encetado pelos protagonistas.
Sobre o espaço que ambienta a narrativa de “Encontro em Rosebank”, o autor que tem uma forma peculiar de pintar as paisagens com as palavras, nos apresenta um bom retrato da vida académica e de alguns debates que visam explorar a importância da história dos heróis africanos. O autor apresenta também uma imagem viva da cidade de Maputo e de algumas cidades sul africanas, abordando o quotidiano, a rotina das pessoas que viajam entre os dois países vizinhos, incluindo o drama de quem exerce o comércio informal, também conhecido como “mukheru”, caraterizado pela travessia das fronteiras para África do Sul, onde os comerciantes compram bens para revender nos mercados de Maputo. A propósito disto, o núcleo composto por Kiwanga e a família desta, desenvolve um papel relevante na narrativa, evidenciado a importância do empreendedorismo na vida dos moçambicanos. É de forma que podemos dizer que personagens como Kiwanga e Hermes, nesta ficção, trazem-nos uma certa representação do povo moçambicano.
A escrita de Lex Mucache revela-se leve e concisa, com diálogos bem construídos, embora em alguns momentos certas descrições pareçam demoradas. É uma leitura rápida e prazerosa, auxiliada pelo lindo e excelente trabalho de diagramação feito pela editora Fundza.
Em resumo, Encontro em Rosebank é um bom livro para sorrirmos e que vale a pena ser lido, pela mensagem que nos traz sobre o amor, a amizade e o desafio de nos tornarmos e nos fazermos humanos melhores.
❝e o que era a juventude sem esperança?❞
Sobre o autor
Lex Mucache é pseudónimo de Heráclito Alexandre Mucache. Nasceu na cidade de Maputo no ano de 1980. É professor e desenvolve actividades de leitura e escrita criativa nas escolas primárias. Autor do livro de contos «Asas Decepadas» (Kulera, 2020), obra finalista do Prémio 10 de Novembro de 2019. Tem obra dispersa em vários jornais e revistas.
Será acolhida em Zurich (Suíça), entre 16 de Junho e 3 de Setembro de 2023, uma exposição com artistas africanos.
A curadora da exposição, Zukiswa Wanner, monta uma encenação de encontros entre romances contemporâneos, performances, música ou arte visual. Atravessando fronteiras nacionais e barreiras linguísticas, a exposição lança luz sobre uma geração de escritores interligados e activos internacionalmente.
Zukiswa Wanner responde à primeira parte da série de exposições “litafrika” (2022-2024) com oito textos em prosa. Como uma forma de continuação do “Poesias de um Continente” (2022), coloca ênfase no romance, em vez de no poema, especificidades em vez de abundância – e sobretudo nas diversas histórias de autores mais jovens, em vez dos autores clássicos pós-coloniais: com que temas as figuras literárias contemporâneas lidam hoje em dia? Como é que os artistas encenam as passagens seleccionadas?
“A exposição compreende alguns dos mais talentosos autores contemporâneos, músicos, actores e artistas visuais da minha geração de países de África em língua inglesa, francesa e portuguesa. Os países representados nesta exposição fazem apenas 25% das nações da minha África, mas como pan-africanista, escolho ignorar as fronteiras e prefiro concentrar-me na forma como as nossas histórias, sons, expressões e arte que verão aqui ressoam em todo o segundo maior continente do mundo”. Zukiswa Wanner.
Para os “Encontros Artísticos”, foram criadas parcerias que transferem literatura para vídeos e obras de arte e ao mesmo tempo aprofundam o diálogo entre regiões linguísticas através da tradução de textos. A exposição está concebida para ser exibida também no continente africano.
“De alguns, já terão ouvido falar”. De outros, espero que fiquem entusiasmados em conhecer nesta exposição”.
Ishmael Beah (Serra Leoa): Radiance of Tomorrow (2014)
x Shaffik Manzi (Ruanda): artista visual
Virgília Ferrão (b. 1986, Moçambique): Os Nossos Feitiços (2022)
x Jussara Camble (São Tomé e Príncipe): actriz
Abubakar Adam Ibrahim (Nigéria): Season of Crimson Blossom (2015)
x Zikhona Sodlaka (África do Sul): actriz
Angela Makholwa (África do Sul): Critical but stable (2021)
x Michael Soi (Quénia): artista visual
Jennifer Nansubuga Makumbi (Uganda): The First Woman (2020)
x Ntombephi Ntobela (África do Sul): artista visual
Yara Nakahanda Monteiro (Angola): Essa Dama Bate Bue (2018)
x Zubz the Last Letter (Zâmbia): músico
Fiston Mwanza Mujila (República Democrática do Congo): Tram 83 (2014)
x Prudence Katomeni (Zimbabué): músico
Ondjaki (Angola): Os Transparentes (2012)
x Seeretse (Botsuana): músico
Sobre a Curadora:
Zukiswa Wanner (b. 1976, Zâmbia) é escritora e mediadora de literatura ; vive na África do Sul e no Quénia. Wanner publicou contos, romances e livros infantis e esteve na lista “Africa39” em 2014; em 2020, recebeu a Medalha Goethe pelos seus serviços de intercâmbio cultural internacional.
Por ocasião da época especial que é o Natal, o Diário de Uma Qawwi pretende partilhar com os leitores membros do Clube Qawwi, a magia dos livros!
Desta forma, o Diário de Uma Qawwi irá sortear no dia 18 de Dezembro de 2022, os seguintes livros e brindes:
1. Os Nossos Feitiços, de Virgília Ferrão
Este livro foi lançado em Junho de 2022, no Brasil, pela Katuka Edições. O livro ainda não está disponível nas livrarias de Moçambique. O leitor que ganhar esta obra irá receber também uma versão em áudio (USB) do mesmo.
2. Sulwe, de Lupita Nyong’o
A editora 3009 acaba de trazer ao público o livro infantil Sulwe, da autoria da actriz Lupita Nyong’o. A obra foi traduzida para português pela tradutora e editora Sandra Tamele.
3. Coletâneas de contos (vários autores), editora 3009
Ganhe dois volumes da colectânea de melhor iniciativa de tradução literária do mundo em 2021.
4. A Refugiada, de Teresa Taímo
Teresa Taímo é uma das autoras da antologia Espíritos Quânticos, e publicou recentemente o livro “A Refugiada”. O livro anda raro pelas livrarias, pelo que, aproveite neste sorteio!
5. Objecto Oblíquo, de David Benee Mélio Tinga
Mélio Tinga também é um dos autores da antologia Espíritos Quânticos. Objecto Oblíquo, escrito em co-autoria com David Bene, é um lindo livro de poesia, que está quase esgotado no mercado, aproveite!
6. O Inspector de Xindzimila, de Virgília Ferrão
Este livro foi lançado em 2016 e encontra-se esgotado em Moçambique. É uma boa oportunidade para os leitores que não tiveram a oportunidade de o ler no passado. Ganhe ainda um bonito mousepad personalizado com a capa deste livro.
O sorteio vai acontecer no dia 18 de Dezembro e será extensivo a todos os membros do Clube Qawwi (inscritos no whatsapp ou no email).
Para ser membro do Clube, basta aderir ao grupo do WhatsApp, ou deixar registado o seu email em “quero ser membro exclusivo” nos links abaixo:
Em seu novo livro de poemas, o segundo, Pedro Baltazar, autor de “O parto dos rios” (2021), exerce, essencialmente, a função de sujeito poético intimista, lírico, embora não faltem, como no seu livro de estreia, poemas de intervenção social, de queixa e de denúncia (“O ladrão do Xiquelene recebeu o seu diploma na Academia de Ciências Policiais/ O chefe do quarteirão engravidou a viúva do Langa”). O livro “55 Rios” é uma colectânea organizada em três fozes, nomeadamente “Maputo”, “Zambeze” e “Rovuma”, mesmo a lembrar as três zonas do país, sul, centro e norte; e a unidade nacional, a paz. De acordo com a estudiosa Irene Mendes, que escreveu o prefácio, “a Primeira Foz pertence ao sujeito poético; a Segunda Foz é dedicada aos outros: esposa, a quem ele chama de vizinha, mãe, pai, filhos, amigos; a Terceira Foz é integrada por poemas interventivos e críticos, de que se pode destacar “Os ratos roeram tudo” ou “Um cão chamado Botha”. Para Irene Mendes, “55 Rios”, de Pedro Baltazar, “é uma obra que mostra a sensibilidade do poeta, sobretudo ao reconhecer a importância das pessoas com quem convive no seu dia-a-dia, mas também por dar a conhecer uma parte de si, através da sua autobiografia”. Pedro Baltazar, que também é advogado, empresário e professor, assume que a inspiração para o livro foram as geografias da Baía de Maputo, com os morcegos andorinhas da Costa do Sol.
“55 Rios”, que integra a colecção “Biblioteca de Poesia Rui de Noronha”, da Gala-Gala Edições, será apresentado pelo Professor Catedrático Armando Jorge Lopes, no dia 9 de Novembro, pelas 18 horas, no Instituto Guimarães Rosa/ Centro Cultural Brasil- Moçambique.
Sobre o autor: Pedro Baltazar é um dos pioneiros da actividade de segurança privada em Moçambique. Militar na reserva, é formado em Engenharia de Comunicações e Telecomunicações Militares, Ciências Jurídicas, Gestão de Empresas e possui um doutorado em Direito Privado, pelo convénio entre o ISCTEM e a Universidade Nova de Lisboa. É gestor, advogado e docente universitário. Publicou os livros “Influencia da OIT no Direito de Trabalho Moçambicano” e “Actividade de Segurança Privada em Moçambique”. Escreve poemas há mais de uma década. Publicou, em 2022, o livro de poemas “O parto dos Rios”.
Não há boca que responda. A mão tem cinco dedos, isso basta para que saibas que o mundo nunca foi redondo, que há homens que bebem de seu sangue enquanto emagreces a escrever o poema da tua vida.
Is it summer or winter today?
No lips can answer it. The hand has five fingers, that’s enough for you to know that the earth has never been round, there are men who drink their own blood while you slim down writing the poem of your life.
Texto de David Bene & Mélio Tinga, in “Objecto Oblíquo”
Publicado pela OitentaNoventa, brevemente nas Livrarias
Quem não se lembra da história [ou estória] dos “Tatá papá tatá mamã”, da “xipoko xa ma mecha” (fantasma de mechas), do fantasma que apanhava boleia, das serpentes voadoras de Goba, dos Anapaches, dos mitos dos maridos/esposas da noite, do estrangeiro que seduzia mulheres novas e avarentas, para depois infectá-las de doenças medonhas, ou ainda da “Maria bheri ubhozi” (“Maria de uma mamã”)? O imaginário social vive de lendas urbanas e mitos rurais, que, de tempos em tempos, surgem e desaparecem, desempenhando, como advogam alguns especialistas, um papel importante nas sociedades.
Moçambique e as suas diversas regiões não ficam de fora. Quando o assunto é debatido, várias histórias são contadas, muitas delas pequenas, breves, de carácter fantástico ou sensacionalista, divulgada de forma oral. Serão elas verdadeiras, baseadas em factos reais? Ou constituem, somente, parte do folclore (tradicional e moderno)?
A Gala-Gala Edições pretende lançar uma antologia baseada nas lendas urbanas (e mitos rurais) de Moçambique, fazendo uma homenagem ao imaginário popular e/ou folclore moderno do país. A chamada é extensiva, também, para escritos de terror (sobrenatural ou não, psicológico, suspense e outros subgéneros) que tenham Moçambique como cenário. Serão escolhidos 13 contos, em referência ao número 13, obviamente amaldiçoado, segundo a crença popular.
Os textos deverão ser enviados entre os dias 25 de Julho e 25 de Setembro. Cada autor poderá enviar apenas um conto, com um limite de 15 páginas (veja o regulamento). O livro contará com a curadoria dos escritores Lucílio Manjate e Pedro Pereira Lopes.
Esta iniciativa conta com o apoio da Casa do Professor, da plataforma Mbenga – artes e reflexões, do Diário de uma Qawwi, do sarau Palavras são Palavras e do Clube de Leitura de Quelimane.
Para mais detalhes veja o cartaz da chamada e o regulamento.
Regulamento
1 Participação
1.1 A chamada destina-se a escritores moçambicanos. Os participantes devem ser maiores de 18 anos e residentes em Moçambique. Podem participar escritores com e sem obra publicada.
1.2 A inscrição é gratuita e nenhum valor será cobrado aos inscritos em nenhuma fase do projecto.
2 Orientações
2.1 Só publicados contos inéditos. Aos autores seleccionados será exigido um termo de responsabilidade e autoria.
2.2 Os textos deverão ser encaminhados para o e-mail galagalalivros@gmail.com, com a seguinte epígrafe no assunto: LENDAS URBANAS E CONTOS DE TERROR. No mesmo documento, a seguir ao texto, deverá ser apresentada uma breve nota biográfica, de até 8 linhas.
2.2.1 Os textos deverão ser enviados em formato Word (não aceitaremos PDF), espaçamento 1,5 entre linhas; fonte Times New Roman (12); O conto precisa ter o título e o nome do autor (nome que irá aparecer no livro) no início do documento; O conto deve ter um máximo de 15 laudas.
2.2.2 Para os diálogos, deverá ser utilizado o símbolo de travessão.
2.2.3 Inscrições e textos que não obedecerem o formato serão automaticamente desclassificados.
2.3 Cada autor poderá inscrever só 01 (um) conto. 2.4 Não serão aceitos contos que incitem, glorifiquem, defendam ou demonstrem de forma positiva: estupros, uso de drogas, racismo, LGBTfobia e preconceitos no geral.
3 Publicação
3.1 A antologia terá até 13 (treze) contos participantes. Dentre os quais, aqueles escritos pelos autores seleccionados através desta chamada, podendo haver a participação de autores convidados pela Gala-Gala Edições.
3.2. A selecção final dos textos inscritos será da responsabilidade dos escritores e contistas Lucílio Manjate e Pedro Pereira Lopes.
4 Direitos autorais
4.1 Todos os autores receberão dois exemplares do livro impresso podendo, também, adquiri-lo com desconto de 30%.
5 Disposições finais
5.1 Nos limitamos a não justificar o motivo da não selecção do conto.
5.1.1 O(a) participante se responsabiliza por responder isoladamente em caso de plágio e afins.
És mulher moçambicana e gostarias de ver o teu trabalho publicado pela conceituada editora 3009?
Com vista à celebração do dia 07 de Abril, Dia da Mulher Moçambicana, a Editora Trinta Zero Nove e respectivos parceiros pretendem publicar uma colectânea de contos no feminino. Se és mulher, moçambicana e tens um conto ou uma colectânea inédita que gostarias de ver publicada, faz como a Neusia. Deverás submeter um conto com um mínimo de 1500 (mil e quinhentas) e um máximo de 3000 (três mil palavras) acompanhado da tua biografia, declaração de que o conto é inédito e da tua autoria e dados de contacto para editor@editoratrintazeronove.org até às 23:59 de 03/02/22.
Com o natal ao virar da esquina, vale a pena recordar que o livro é sempre um dos melhores presentes. Os livros estimulam a nossa imaginação e às vezes transformam as nossas vidas. Ao oferecermos um livro, acabamos também, por de certa forma, subscrever uma escolha para o leitor, uma escolha que de outra forma pode ser difícil, perante tantos livros e propostas disponíveis no mercado.
E por falar em tantos livros, em Moçambique os últimos meses foram repletos de novidades e lançamentos!
Preparámos a lista abaixo, contendo alguns livros novos, como sugestão para este Natal. Confira:
Prosa
As Raízes do Rei, de Susana Machamale
Foi lançado no dia 9 de Dezembro de 2021, em Maputo, “As Raízes do Rei”, livro de estreia de Suzana Machamale. Este é o primeiro volume de uma tetralogia chamada “Príncipes Sangrentos”.
Durante o lançamento, a autora relatou o processo de publicação do livro, tendo dito que no início não acreditava ser possível a publicação em Moçambique deste seu primeiro trabalho, inclusive pela temática que aborda. Com mais de 290 páginas, o livro sai pela chancela da Kulera Editores.
Eis uma breve passagem da sinopse: “Dois reinos, quatro cabeças, mas apenas duas coroas. O carismático Ânjor e a ambiciosa Hanjy Karavejo são filhos da rainha de Taravin. mas, por serem gémeos, só pelo voto do povo pode-se definir qual dos dois será o primeiro na linha de sucessão ao trono. A angelical Yasy e a perversa Yagui Dantaze são filhas do reu Nunny.”
Segundo o apresentador da obra, o professor Daúde Amade, “o livro retrata uma história de membros da mesma família que disputam a sucessão ao trono, chegando, até, a odiar-se. Entre os irmãos que disputam o trono e os reinos que se opõem pelo poder, forjam-se falsos sorrisos, traições, mortes e muito sangue mancha a história de uma família que, caso fosse possível, daria tudo pela permanência de um passado sossegado e sem conflitos”.
Foi lançado no dia 24 de Novembro de 2021, “Gole de Lâminas”, livro de estreia de Albert Dalela, chancelado pela Ethale Publishers. Segundo a nota do blog Mbenga, esta é uma proposta que consiste em apresentar o sub-mundo da cidade de Maputo, ou seja, reflectir em torno da complexidade de conceitos e ideias da questão de ser e estar nas zonas suburbanas e na cidade.
3. O Abismo aos Pés, de Elton Pila e Eduardo Quive (organizadores)
Este livro, chancelado pela Editora Literatas, foi publicado em finais de 2020, tendo sido em Novembro de 2021 apresentado no Instituto de Camões, em Maputo, numa conversa com os organizadores, Elton Pila e Eduardo Quive. Contendo 232 páginas em entrevistas efectuadas a 25 escritores lusófonos, “O Abismo aos Pés” reflecte sobre a iminência do fim do mundo e oferece uma das leituras mais instigantes e inquietantes de todos os tempos.
Um dos livros mais interessantes publicados este ano é sem dúvida “No Verso da Cicatriz”, romance que narra a história de Bernardo (e sua Helena). A trama é ambientada nos primeiros anos após a independência de Moçambique, iniciando com o protagonista Bernardo sendo afastado da amada, pelo Governo, que o leva de Maguaza (sua zona de origem) a Carico, sob a falsa acusação de ser uma Testemunha de Jeová.
Conforme se lê numa matéria da RFI, para além do conflito armado, Bento Baloi também aborda a operação durante a qual, nos anos 80, milhares de pessoas se viram forçadas a ir trabalhar em meio rural, longe das suas zonas de origem.”
O livro foi lançado em Agosto de 2021, simultaneamente em Moçambique e em Portugal, pela Editora Índico e pela Alêtheia Editores, respectivamente.
Nós do Diário de Uma Qawwi, amantes da ficção especulativa, não poderíamos, obviamente, deixar de mencionar o novo livro de Carlos dos Santos. Editado pela Alcance Editores e com cerca de 112 páginas, o livro reúne oito contos nos géneros ficção científica e fantástico, acompanhados de belíssimas ilustrações. Imperdível!
6. Sina de Aruanda, de Virgília Ferrão
Por último, no género da prosa, fazemos menção, com muita alegria, à “Sina de Aruanda”, romance lançado no dia 8 de Dezembro de 2021, terceiro obra da administradora do Diário de Uma Qawwi. Num dos momentos mais marcantes da cerimónia, o apresentador do livro, o professor Albino Macuácua, mencionou que Sina de Aruanda “é um romance sobre a vida – e quem diz vida também diz morte, a maior sina do ser humano –, por outras palavras, este romance é uma prerrogativa para reflectirmos sobre a vida e seu lado místico, ancorado nos princípios correlacionais entre o espírito e a matéria, muitas vezes absorvidos pelo mundo corpóreo, o mundo das coisas ou, como diria Edmund Husserl, o mundo dos fenómenos, mas A Sina de Aruanda é igualmente um romance de resgate de memórias, um romance de amor, do “verdadeiro” amor, aquele que resiste ao tempo e à morte.”
O livro sai pela chancela da Fundação Fernando Leite Couto em Maputo, e será publicado em 2022 pela Editora Malé, do Brasil.
Poesia
7. OLugar das Ilhas
“O Lugar das Ilhas” é o novo livro da poeta Sónia Sultuane.
Sobre a obra, o apresentador do livro, o professor de literatura Nataniel Ngomane, explicou que as ilhas retratadas no novo livro de Sónia Sultuane não são necessariamente geográficas (Ilha de Moçambique, Cuba e as ilhas da Grécia), são ilhas que existem na forma de pensar humana”. In OPais
8. O Escutador de Silêncios, de Ricardo Santos
Também foi lançado recentemente um livro de poesia, de Ricardo Santos.
Os textos em “O Escutador de Silêncios” foram escritos na sua quase totalidade entre 2016 e 2019. Sobre esta obra, diz-nos o escritor Leo Cote, que “o prosaismo que esta poesia reflecte e sugere, resulta da vontade de contar histórias, muito ao jeito da tradição oral, e de construir um discurso que seja a ficção do hodierno e do simples, atingindo o natural e o espontâneo. Não é por acaso que o poema “Ânfora” faz alusão a isso.” In Mbenga.
9. Para Enxugar as Nódoas dos Meus Olhos, de Énia Lipanga
Este livro foi lançado no dia 12 de Novembro de 2021 e é a segunda obra de poemas de Énia Lipanga.
Segundo a Editora que chancela a obra, a Gala Gala Edições, “as vozes deste livro são femininas, ora inteiras, ora nada, ora em pedaços, para cantar os seus gozos e alegrias, e também as suas feridas e cicatrizes. “Talvez, por isso, chovam gotas íntimas em seus versos que escorrem fios e fiapos de prazer e, quiçá, de amor, travestidos de incertezas, poeiras, nuvens, sombras e desejos que incitam dores, emoções, saudades, menos regressos e mais recomeços”, escreve a professora Ana Rita Santiago.” In Gala Gala Edições
10. Calvário e a Cruz, de Jeconias Mocumbe
Recentemente lançado, em edição do autor, o livro de Jeconias Mocumbe (pseudónimo de Edilson Sostino Mocumbe) é uma antologia de poemas. Segundo Elísio Miambo, o apresentador do livro, a obra “apresenta-se como um exercício de exploração dos limites da metáfora, havendo, nesse processo, momentos em que ela própria (a metáfora) são lhe apresentados os seus vícios enquanto forma de codificação discursiva. De facto: se por um lado existem livros que tomam o leitor como imbecil a ponto de fornecerem informação desnecessária e que se resvala pela prolixidez, por outro, livros há que ou sobrevalorizam o leitor ou o seu autor não liga a mínima para uma possibilidade de haver alguma interatividade entre o leitor e a obra, correndo assim o risco de se tornarem incompreensíveis.”
Prosa emInfanto Juvenil
11. A Estranha Metamorfose de Thandi
Lançado no dia 24 de Novembro de 2021, o novo livro de Mauro Brito apresenta o conto “A estranha metamorfose de Thandi”, e é ilustrado pelo artista plástico Samuel Djive.
José dos Remédios, no OPais, descreve-o como “uma história de amor entre mãe e filha, Mbali e Thandi, personagens agrestes que constantemente enunciam lições universais, atinentes às circunstâncias domésticas e até mesmo comunitárias.”
A estranha metamorfose de Thandi levar-nos-á pelos meandros do interdito, do destino e da libertação, numa linguagem onde a narrativa e a poesia, o real e o imaginário, o presente e o passado se cruzam num espaço sem fronteiras distintas.
12. As Aventuras de Manuelito, de João Baptista Caetano Gomes
Esta foi uma das obras vencedoras do concurso Literário “Nó de Gaveta”, promovido pela Associação cultural Nkariganarte, em parceria com a Kuvaninga cartão d’arte. João Baptista venceu pela zona centro de Moçambique, ao lado de Cleyde Pamela (com o texto “O Sonho de Chinguana”) e Laliana Mahumane (com o texto “O outro lado das flores”), das zonas Norte e Sul, respectivamente. O autor participou da antologia Memórias do Idai, uma colecção de crónicas literárias que resultou de um concurso promovido pela Editora Fundza. Participa em antologias nacionais e internacionais. Em 2021, seu texto “Os vendedores de sol e lua” foi um dos 12 selecionados para a Oficina de Ficção Narrativa organizado pela Fundação Fernando Leite Couto. Tem escrito prefácios de livros e tem apresentado obras literárias de alguns escritores emergentes da Literatura Moçambicana.
Gostou das dicas? Inscreva-se no nosso blog ou siga-nos no noso facebook para ficar a par de outras novidades.
Antologia Espíritos Quânticos: Uma Jornada por Histórias de África em Ficção Especulativa
Por ocasião do terceiro ano de existência do Diário de uma Qawwi, que se assinala este ano, foi aberto um edital para a recepção de textos a constar na antologia em epígrafe. O Diário de uma Qawwi pretende apoiar o desenvolvimento de novos tipos de produção literária africana, com particular enfâse à ficção especulativa.
Durante o período de submissões, foram recebidos e analisados 26 textos. Após uma cuidadosa e aturada leitura, a equipa do Diário de Uma Qawwi, determinou que 15 dos textos submetidos, reúnem os requisitos solicitados no edital publicado em Julho do corrente ano. Deste modo, foram aprovados os seguintes textos:
O Caçador de Elefantes, de Adelino Albano Luís;
O Portal de Chinhamapere, de Lex Mucache;
No encalço de um espírito esperto, de Félix Casimiro Benhane;
Náufrago de Sonhos, de Jeconias Mocumbe;
Os Guardiões da Terra, de Andreia Edna da Silva;
Clube de Vinganças, de João Baptista Caetano Gomes;
O Receptáculo, de Marvin Muhoro;
Túmulo Errado, de Ortega Teixeira;
Mistérios da Terra, de Sónia Chagas;
A Alima, a Mafurreira e Eu, de Ildo Isac Temótio;
O Perdão de Nwalumambo, de Agnaldo Bata;
A Paróquia do Padre João Pedro, de Teresa Taimo;
A Mulher Hiena, de Luís Eusébio;
O Arrendado imóvelcom xipoco, de Mateus Tomáz Licusse; e
As Chamas da Melancolia, de Dalencio Benjamim.
Todos os autores seleccionados neste edital são de Moçambique.
Por fim, o Diário de Uma Qawwi agradece o grupo de autores, que muito gentilmente aceitou o convite para contribuir e apoiar a materialização deste projecto. São estes, os seguintes escritores:
Ávaro Taruma (Moçambique);
Bento Baloi (Moçambique);
Daniel da Costa (Moçambique);
José Luis Mendonça (Angola);
Jorge Ferrão (Moçambique);
Leo Cote (Moçambique);
Marcelo Panguana (Moçambique);
Mélio Tinga (Moçambique);
Mia Couto (Moçambique);
Nick Wood (África do Sul);
Oghenechovwe Donald Ekpeki (Nigéria);
Shadreck Chitoki (Malawi);
Suleiman Cassamo (Moçambique);
Vera Duarte (Cabo Verde); e
Zukiswa Wanner (África do Sul).
O lançamento da antologia esta previsto para o primeiro semestre de 2022.
Está aberto, desde 24 de maio de 2021 e segue até o dia 19 de julho de 2021, o edital para a Antologia “Crónicas De Yasuke: O Primeiro Samurai Negro”. A colectânea é uma iniciativa cultural da Editora KULERA e visa analisar e selecionar textos que farão parte de um livro de contos e crónicas inspirados em Yasuke, o primeiro e único samurai negro de origem moçambicana, a ser lançado em formato físico e digital (e-book) no início do primeiro semestre de 2022.
De acordo com Emílio Cossa, organizador da obra, a ser concretizado, o projecto irá “Dar a conhecer ao público a sua existência e categorizá-lo como um dos primeiros heróis moçambicanos. Irá, igualmente, promover a cultura do gênero literário Ficção Histórica, ou seja, história criada no passado, que incorpora características verdadeiras do período, incluindo personagens ou eventos ficcionais, um género literário com muito potencial mas um muito pouco explorado no corpus literário moçambicano”.
Yasuke era um guerreiro que alcançou o posto de samurai sob o domínio de Oda Nobunaga – um poderoso senhor feudal japonês do século 16 que ficou conhecido como o primeiro dos três unificadores do Japão. De acordo com a Histoire Ecclesiastique Des Isles Et Royaumes Du Japon, escrito por François Solier da Sociedade de Jesus em 1627, Yasuke era um muçulmano nascido em Moçambique.
A nível global, Yasuke já foi pretexto para livros, filmes, videojogos, revistas de banda desenhada e outras manifestações artísticas. Destas, amais recente e provavelmente a mais mediatizada, é a série de animação “Yasuke”, lancada pela Netflix em Maio de 2021. Nesta, o lendário guerreiro é retratado como um barqueiro responsável por proteger uma menina com poderes especiais.
Moçambique, ainda que de forma tímida, não ficou alheio a estas acções. Com efeito, Yasuke serviu como inspiração criativa no lançamento da 5ª Geração da Mitsubishi L200, sendo referenciado como “Samurai Africano”, tendo sido lançado em novembro de 2016 um modelo exclusivo com o nome L200 YASUKE em sua homenagem. Nas artes plásticas, Matine João, jovem conceituado artista moçambicano, pintou em aguarela sobre papel gravuras sobre a vida de Yasuke, tendo estas sido doadas ao acervo do Museu de História Natural de Maputo com o apoio do Grupo João Ferreira dos Santos num série de acções que promovem o resgate do Samurai Africano. Na música, em 6 de setembro de 2020, o rapper Jay Arghh, membro do colectivo New Joint, lançou o álbum musical intitulado “Yasuke EP”, composto por oito (8) faixas do género Hip Hop/RnB, visivelmente inspirado em Yasuke, cuja ilustração aprece na capa do trabalho discográfico.
No que à literatura diz respeito, segundo a imprensa moçambicana, Yasuke serviu de inspiração para um livro que estava a ser desenvolvido pelo escritor moçambicano Calane da Silva, falecido em 29 de janeiro de 2021, sem que a referida obra tenha sido lançada.
O regulamentopara a Antologia “CRÓNICAS DE YASUKE: O Primeiro Samurai Negro” encontra-se disponível na Internet e pode ser consultado nas redes sociais e do site da Editora Kulera, em www.editorakulera.com.