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Literatura| The Blessed Girl, de Ângela Makholwa, | Opinião

Autor: Ângela Makholwa

Editora: Pan Macmillan

Idioma: Inglês

Sinopse

Jovem, bonita e ambiciosa, Bontle Tau tem Joanesburgo na palma da mão. Os seus admiradores generosos disputam para pagar o seu Mercedes, o seu apartamento e as suas viagens, postadas no Instagram. É dever da Bontle parecer fabulosa – afinal, as pessoas não sacrificaram as suas vidas na luta pela liberdade, para as mulheres negras usarem as mesmas camisetes baratas que vestiam durante o apartheid.

Bontle percorreu um longo caminho, e não foi fácil. Seu psiquiatra continua a querer falar sobre um passado que ela colocou firmemente para trás. E aquilo que ela não pensa, não pode machucá-la, pode?

Opinião:

No minuto em que ouvimos a autora do livro, Ângela Makholwa, ler uma passagem do mesmo, tratamos logo de anotar o título. Por várias razões que não cabem aqui dizer, mas uma delas bastante óbvia: a trama propunha-se bastante apelativa e actual. E é.

A história narrada pela protagonista (ao que tudo indica, em formato de documentário) é uma espécie de sátira. Nas primeiras páginas, chegamos a ficar indignados com esta “Bontle”, mas reconhecemos, de imediato, que a realidade da jovem é bastante corrente, não só em Joanesburgo, como em Moçambique e em várias partes do mundo. Desde às “sugar babies”, às “marrandzas”. Seja em que contexto for, os leitores irão reconhecer esta mulher, que tudo faz, em troca da “boa vida”. E a autora, muito talentosa, concebeu uma história, que dependendo do ponto de vista do leitor, traz algumas lições de moral, ou simplesmente, reflectem o percurso da vida, de acordo com as escolhas que fazemos.

Ora bem, se já sabemos quem são as sugar babies e temos um certo “preconceito” com relação a elas, Ângela Makholwa nos leva, através desta ficção, a olhar com mais profundidade para as circunstâncias e o meio de onde surgem estas mulheres, que na verdade são como qualquer outra: traçam os seus objectivos e trabalham para isso (do seu jeito, mas trabalham), tem os seus valores, amam a família e tem um passado que pode influenciar quem elas são. Esta pelo menos é a Bontle.

Rica de coloquialismos, a escrita de Ângela é bastante simples e acessível, ao menos tempo de um humor, intensidade e sensibilidade imensos. Poucos autores são capazes disso.

Não foi possível encontrar o livro em formato físico, pelo que, acabamos por consumir a história em formato de áudio. Igualmente prazeroso. Também nos apaixonamos pela capa. Marota, cheia de cores e atraente.

Uma leitura definitivamente recomendável.

A nossa pontuação: 5 de 5 estrelas.

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Sobre a autora:

Nascida em Joanesburgo, Makholwa formou-se em jornalismo pela Universidade de Rhodes. Ela foi a primeira escritora negra a escrever ficção criminal na África do Sul (Red Ink). Makholwa seguiu-o dois anos depois com um romance do género chick-lit (the 30th Candle -2009). Seu terceiro romance, Black Widow Society foi publicado em 2013, e o seu último romance, the Blessed Girl, foi lançado em 1 de outubro de 2017.

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