Imagem via Netflix
Opinião
A magia e a bruxaria são temas aos quais a indústria cinematográfica não se cansa de recorrer. Deve ser por alguma razão. E ora vejamos, numa mistura entre magia e viagens no tempo, não parece sobrar espaço para uma receita falhada.
Assim, o trailer e a sinopse da nova série espanhola despertaram todos os nossos sentidos: uma bruxa de muitos séculos passados, viaja ao futuro nos dias de hoje, para salvar o amor da sua vida e ao mesmo tempo derrotar um perigoso inimigo.
A série desenlaça logo nos primeiros minutos, onde descobrimos que, afinal, Cármen Eguilaz (Angely Gaviria) é uma escrava acusada de bruxaria e de ter enfeitiçado o seu amo, com quem vive um romance proibido, sendo condenada à pena de morte e queimada na fogueira, como acontecia na época da inquisição. O seu amado, não suportando perdê-la, tenta salvá-la, mas acaba morto a tiro. Assim, enquanto arde na fogueira, Cármen consegue viajar ao futuro, para cumprir uma missão que lhe foi dada por um poderoso bruxo, com a promessa de no fim da missão, poder regressar ao momento em que o amado ainda está vivo e salvá-lo.
A opinião crítica latina sobre esta série é surpreendentemente confusa. Enquanto a audiência parece feliz em ver na TV uma poderosa protagonista Afro-Latina num seriado deste género, muitos torcem o nariz ao romance que impulsiona a trama, ou seja, a história de amor entre uma escrava e o seu senhorio. Nós, sinceramente, não vemos o porquê deste “plot” ferir tanto as sensibilidades e ser alvo de uma crítica feroz, quando está dentro de um contexto histórico que, no final das contas, não deixou de existir. O passado não se apaga, mas com ele podemos aprender a não repetir os erros.
Agora, se formos a falar de como comporta-se esta personagem que sai dos anos 1600 e chega ao futuro, aí sim, podemos ter bastante para questionar.
Eis o que achamos que foi executado de forma muito pobre nesta série: histórias que envolvem viagens no tempo, normalmente envolvem certo cepticismo da personagem que se vê num mundo diferente. Mas nesta série, a bruxa Cármen Eguilaz chega ao futuro e já vai marchando para a universidade, sem grandes dificuldades e sem ficar abismada com a modernidade a sua volta, nem com o tratamento igual entre pessoas (mais uma vez, ela vem da época da escravatura). Será que estava a evitar-se um cliché? Talvez, mas os lugares comuns, às vezes têm certa razão de ser, e aqui fizeram alguma falta.
Tirando este ponto que é uma espécie de falling flat para a expectativa dos telespectadores, a série é leve e mantém um bom ritmo, mostrando com sucesso o desenvolvimento de Cármen como figura feminina cheia de força, transformando-se num modelo a seguir. “Nós somos escravas, mas a senhora também é escrava. É escrava do seu marido, da sua religião e da sua sociedade. Se o preço para eu ser livre é casar-me, então não me caso”, é algo mais ou menos assim que lança Cármen Egulilaz, a dada altura, dotada pelo conhecimento dos seus direitos.
Destaque vai também para John-Kyi (Dylan Fuentes) que abrilhanta a série nos momentos em que esta precisa de um ar mais fresco.
A primeira temporada tem apenas 10 episódios, e para entretenimento geral, é uma série em que se pode apostar.
Confira o trailer:
A nossa classificação: 3 de 5 estrelas