Outras maravilhas humanas, Resenhas

Maravilhas humanas | A Vingança do Mítico Pangolim

Por Jorge Ferrão

Os nexos que se estabelecem entre os animais selvagens, em vias de extinção, e os esforços para sensibilizar sobre a importância de sua conservação, têm conduzido os organismos internacionais e as principais agências responsáveis pela gestão da fauna, a estabelecerem datas especiais para celebrar os pequenos sucessos na preservação destes animais. Todavia, parece cada vez mais evidente a existência de uma preocupação em relacionar o consumo de diferentes espécies de animais, nomeadamente, cobras, morcegos, ratos, escorpiões, lagartos e pangolins, com as várias epidemias e pandemias, que criam um desassossego às economias e às sociedades, um pouco por todo mundo.

O pangolim (Manis Temminckii) tem, também, agora um dia especial, 15 de Fevereiro. Deste modo, Moçambique e o mundo celebram os poucos pangolins, ainda vivos, e os milhares que foram sacrificados e que deixaram de dar o seu contributo aos diferentes ecossistemas e às economias agrícolas familiares.

Desde o começo desta semana, especialistas, estudantes, amantes da fauna, curiosos e, até, leigos, tem a oportunidade de visitar um dos mais míticos e cobiçados animais da nossa fauna, por vezes tão descuidada e perseguida, outras vezes, tão relegada ao abandono e ao seu próprio destino. Estamos em festa e celebramos o pangolim.

Pangolim, a espécie mais ameaçada do mundo

Em 1999, a legislação moçambicana estabeleceu o pangolim (Manis Temminckii) como uma das espécies protegidas, e cujo consumo e venda foi vedado. Entretanto, esta proibição apenas foi decretada pelo CITES (Convenção sobre o Comercio Internacional das espécies em perigo de Extinção) em 2017. O pangolim tem sido uma das espécies que, à semelhança dos elefantes e dos rinocerontes, tem sido, invariavelmente, traficado e já colocado como uma espécie em vias de extinção no país. O pangolim caminha, assim, para um precipício iminente e sem retorno.

O comércio ilegal do pangolim aumentou consideravelmente desde 2008 em África e, um pouco por todos os relatórios mundiais de preservação da fauna, os dados confirmam o tráfico de, pelo menos, um milhão (1.000.000) de pangolins para China e Vietnam, os países que mais consomem e influenciam o contrabando dessa espécie na ultima década, porém, este numero foi já ultrapassado apenas num único ano, isto é, em 2019 com cerca de mais de 1.200.000. Aliás, as mesmas redes de contrabando que operam no tráfico de marfim, cornos de rinoceronte e madeira, são as que, aproveitando-se de esquemas de suborno e corrupção, traficam pangolim vivo, congelado ou as suas escamas as toneladas.

Estas redes melhoraram, inclusivamente, o seu modus operandi, através do uso de redes sociais como o Facebook, para anunciar a venda de seus produtos e estabelecer cadeias de preço.

O tráfico se justifica e intensifica pelo facto de as escamas serem utilizadas para o “tratamento” e prevenção de várias doenças e patologias, nomeadamente, a disfunção sexual, as doenças cardíacas, câncer e até as deficiências de lactação da mulher. Os médicos mesmo na China rejeitam estas propriedades mas as farmácias continuam a vender aos seus clientes. Não obstante, as crenças continuam mais fortes do que as evidências científicas e o número de usuários não pára de crescer.

Se, por um lado, temos estas pouco provadas e testadas evidências de propriedades medicinais, que geram alta demanda, por outro lado, continua preocupante o consumo da carne do pangolim, muito apreciada na restauração, nos principais restaurantes de luxo na Ásia. Em determinados restaurantes, o prato de pangolim, pode chegar a um custo aproximado de 500 dólares norte americanos ou equivalente. Aliás, nestes locais, o animal é vendido ainda vivo, e é degolado na presença do cliente para que este possa também comer ou beber o sangue.

Entre a superstição e a verdade

Ao longo de milhares de anos, foram identificadas oito (8) espécies de pangolim nos continentes asiático e africano. O pangolim é um mamífero escamoso da ordem Pholidota, por sinal a única espécie existente, também, designada Manidae, que possui três géneros.

Na Ásia, o pangolim está quase extinto e em alguns países desapareceu ainda no século passado. Em África, ainda, são encontradas quatro (4) espécies de Manis, nomeadamente, Phataginus, Smutsia, Tricuspis e Temminckii, espalhadas um pouco por todo o continente. A espécie Temminckii, eventualmente a mais representativa, pode ser encontrada na África Austral, Oriental e até na região do Corno de África, para além do Norte de África. As restantes encontram-se na África Central e Ocidental.

Estes mamíferos chegam a pesar entre 1,5 quilos até os 20, 25 quilos ou mesmo 35 quilos. Porém, em média, eles possuem entre 3,5 a 10 quilos, e podem ser encontrados em todo Moçambique, próximo das termiteiras e ou em locais cuja presença de formigas seja abundante.

O pangolim consome cerca de 190 mil formigas, por dia, o equivalente a 70 milhões de formigas, por ano. Lento, e que vive enrolado no interior destas termiteiras, o pangolim é considerado, pelos agricultores, como o mais eficaz controlador de pragas e térmitas que devastam os campos agrícolas do sector familiar.

Com a língua que é mais comprida que o próprio corpo, o pangolim tem um vasto conjunto de benefícios para o ecossistema e reduz, igualmente, os habitantes dos morros de muchém, que são devastadores para os agregados familiares, que sofrem com os efeitos das térmitas até no espaço habitacional, apodrecendo, de forma precoce, os aros das portas, das janelas e até as estruturas das casas.

O pangolim é mítico e gera sentimentos obscurantistas e da mais pura ignorância. No nosso país, ele tem diferentes nomes. No norte do país, o Pangolim é designado Ekha, na região de Tete o nome é Xiphalualo, no centro, Manica e Sofala é conhecido por Xikwari e, no sul, por Halakavuma. O seu surgimento suscita controvérsias e diferentes interpretações. Acima de tudo, ele é o mensageiro e tanto pode anunciar a desgraça, como a bonança. No Norte de Moçambique, a chegada do pangolim representa uma época de chuvas regulares, excelentes colheitas e um ano de muita prosperidade. No Centro, Idem. Porém, no sul, a chegada do pangolim anuncia desgraças, períodos de cheias, secas e várias pandemias. São os curandeiros, regra geral, aqueles que são chamados para interpretar a mensagem e comunicar os conteúdos ao resto da população.

Se, por um lado, o pangolim sofre do obscurantismo e de ignorância, por outro, é vítima de arrogância e de ganância desenfreada. As pessoas tem medo de se aproximar e de segurar as suas escamas, e são educadas a nunca olhar de frente para este animal. Aliás, continua célebre a preocupação de que tocando no animal, os casais terão três filhos.

Mas tem sido a ganância o maior mal de que o mamífero sofre. 2019 foi o pior ano no tráfico do pangolim, em Moçambique e no mundo. Em Hong Kong foram descobertas 8 toneladas de escamas e mais de 1000 pontas de marfim, enquanto na Malásia foram descobertos 3 mil toneladas de pangolim congelado e mais de 400 quilos de escamas. Em Singapura, mais de 24 toneladas de escamas foram descobertas, de forma sucessiva. Todo este volume se destinava à China e ao Vietnam.

As rotas envolviam diferentes intermediários e diferentes países. Em média, 159 rotas diferentes foram usadas pelos traficantes entre 2010 e 2015, com médias anuais de 24 toneladas, ou seja, 1,5 milhão de pangolins abatidos.

A Vingança do pangolim

A vingança do Pangolim poderia ser o nome de um filme de ficção, com um roteiro previamente estruturado e com películas gravadas em diferentes sites e continentes. Porém, não é ficção e nem pura e ingénua imaginação. É uma tragédia anunciada. Estudos mais recentes, ainda em fase de pesquisa, conclusivos ou não, indicam que o consumo do pangolim pode estar associado ao mortífero vírus do corona, que desgraça a China e retira o sono e o sossego de todo mundo.

Caso se confirme que o pangolim é o verdadeiro hospedeiro do coronavírus, uma nova atitude e postura terá que surgir em relação ao pangolim. Importa referir que estes e outros animais selvagens são portadores de diferentes vírus e que novas estirpes podem desenvolver, escapando-se das defesas do organismo humano e apanhando de surpresa o pacato cidadão. Ultrapassa a fasquia dos 1000, o número de vítimas e, já se superou o número de vítimas do vírus das aves (SASR) que teve o seu epicentro na Ásia e que, por sorte, não gerou efeitos mais devastadores no continente africano.

Enquanto isso, celebremos o pangolim e todo o misticismo que ele representa nas nossas vidas e nos nossos espíritos.

Desabafo de uma qawwi

#14|Como um defensor do ambiente propôs-me em casamento

ambientalista

A sesta depois do almoço apenas serviu para trazer-me pesadelos. Vi um bando de ikras liderados pelo qawwi Vallen, invadindo a terra e destruindo os qlubs. Ainda bem que foi só um sonho. Enquanto conseguir manter-me escondida aqui na Nova Zelândia, Vallen não poderá interferir com a minha missão. Para afastar o pesadelo, decido tomar um banho. Estico o braço na direcção da toalha pendurada na cadeira e, num segundo, ela salta para a minha mão.

Já mais fresca, percorro a casa. O silencio é atípico. Érica não está a correr, nem a ver desenhos animados. O que andará ela a fazer?

– Coloquei-a de castigo, portou-se mal outra vez – explica-me Will, que está na varanda a pintar um móvel. Parece-me uma peça nova.

O sol desce na linha de horizonte, sobre a baía oriental. Os últimos raios acendem a cidade, deixando-a num esplendoroso doirado. Vistos do lado da costa, os edifícios parecem estar tão somente a acordar. É como se o próprio planeta terra dançasse uma valsa, em homenagem àquele humano que mudou as minhas convicções.

– Chega perto, Linan – pede-me Will – Vê se gostas disto.

Observo o móvel. É feito de papelão e pintado de esferas azuis, a minha cor favorita.

– O que é isto?

– Precisavas de uma cómoda nova e decidi fazer uma para ti. É de material reciclável. Agrada-te?

Humm. Este Will tem muita classe. Não me refiro a forma sedutora como ele dobra as mangas da camisa. Falo das suas ideias. De como ele as comunica, do entusiasmo no seu olhar. Tudo nele atrai-me. Incluindo as suas manias e os seus defeitos. Will é teimoso, é atrapalhado, mas é também equilibrado. Se há humanos que ainda podem salvar os qlubs, ele é um deles. O seu amor por animais, por exemplo. É enternecedor. Assim como é a sua paixão pelo mar. Will preocupa-se com o ambiente. Em casa, decretou que quem deixar as luzes acesas sem necessidade, pagará uma multa. Incluindo a pequena Erica. Ele ensina a filha a não desperdiçar água. Recorda-nos sempre de desligar as tomadas e os aparelhos quando não estão a ser usados. Anda de bicicleta, não apenas por fazer bem e ser económico, mas por ajudar a reduzir a poluição. E é ele quem está a incentivar-me a abandonar certos hábitos alimentares. Quem diria! Eu, uma qawwi, a cair nas armadilhas dos apetites mundanos. Lastimável. Facto é, que a comida que se consome neste planeta e a forma como ela é produzida determina a saúde tanto dos humanos como desta terra. Se os humanos não começarem a comer mais fruta e vegetais do que carne e açúcar, será impossível alimentar uma população que vai crescer até 10 biliões no ano de 2050 (se até lá os qlubs ainda existirem).

Olho de novo para a cómoda ecológica  de papelão.

– Oh Will, não existem dois como tu!!

– É só uma prenda simbólica para comemorar o dia de hoje, meu amor.

– O dia de hoje? – o  coração salta-me uma batida – é meu aniversário?

Eu só comecei a celebrar os anos por causa de Will. Em Stefanotis estas coisas são diferentes e eu nem sequer sabia o dia em que tinha nascido. Todavia, há outras datas em que os humanos trocam presentes. Perante o olhar decepcionado de Will, sinto o estômago contrair. Oh. Será que esqueci de alguma coisa? Será que…

– Faz dois anos hoje desde que nos conhecemos, Linan.

Se a vergonha é um arco íris, o meu rosto adquiriu todas as suas cores. Como pude esquecer-me? Foi há dois anos que o vi pela primeira vez, acreditando que ele fosse um sem abrigo. Neste planeta vivemos rodeados de pessoas, de amigos, de festas. Mas Will ensinou-me que é bom ter alguém com quem contar, quando as festas terminam. Com ele aprendi a sentar no banco de um jardim, ao lado de alguém, apenas para respirar, sem ser preciso falar, apreciando somente o silêncio do amor.

E mais tarde descobrimos a verdade. Ambos. Ele não era um sem abrigo. E eu, não era uma humana. Para Will, a verdade foi mais esmagadora, mas o amor acabou por convence-lo  a aceitar-me. E embora ele jure querer-me por perto, percorre-me sempre um grande receio: eu não estou a conseguir ser humana o suficiente para o corresponder.

– Perdão, Will – apetece-me chorar – não me lembrei e não preparei nada especial para oferecer-te, mas… vou improvisar. Que tal um super delicioso jantar, com mariscos, como tu gostas!

O seu sorriso malicioso preocupa-me.

– Eu sei muito bem como podes compensar. Mas vá, experimenta aí as gavetas da cómoda, vê se te agradam e se funcionam bem.

Abro-as de par em par.

– Funcionam, claro, até porque…

Ao deparar-me com uma caixinha veluda na terceira gaveta, fico muda. Contenho-me. Segundo a seguir, escancaro-a.

A primeira vez que Will colocou um anel à minha frente, causou-me pânico. O sentimento continua. Mas agora é acompanhado por uma espécie de agradável surpresa. Fascinação, para bem dizer.

– Will! Continuas com esta ideia? Mesmo que…

– Sempre. Tu e a Érica são a minha família. Vamos oficializar isso de acordo com as leis da minha terra e do meu coração, por favor. Dá-me esse presente.

– Will…

– Eu sei. Linan, eu sei.

Ele sabe. Sabe que eu sou uma qawwi, e que tenho o poder de controlar a mente humanas. Tem noção de que a qualquer momento posso teletransportar-me para outro lugar. Que ao contrário dele, vou demorar séculos a envelhecer. Que tenho uma missão. Que corro perigo. E que ele também, ao meu lado, corre perigo.

– Eu sei – repete – Somos diferentes e enfrentaremos dificuldades. Haverá alturas em que lutaremos contra forças maiores. Mas o derradeiro fim da vida é o amor Linan, e eu não vou abrir do nosso. Enquanto respirar, vou estar ao teu lado.

Então, avança para um beijo terno, mas a minha indecisão impede-me de corresponder. Mesmo que a minha missão seja um sucesso, como fico eu, se daqui a 100 anos tiver de perder este humano? Sou uma qawwi, mas saberei algum dia voltar a estar no universo sem ele?

Will insiste no beijo. Então, a mensagem penetra. Quer dizer, ela não penetra. Ela já lá estava. Os beijos apenas ajudam a mostrar os sentimentos adormecidos, cuja a intensidade as vezes esquecemos. A ânsia e a confiança que nos apertam nesse instante parecem maiores do que o próprio universo.

– Casa comigo – repete ofegante, depois que separa os seus lábios dos meus, o anel encontrando um lugar confortável no meu dedo.

O gesto é como um golpe para a cratera romper e impulsionar uma força nos meus olhos. Sinto o meu rosto molhado. Não há outra opção para salvar-me daquela gigantesca onda, senão responder:

– Sim, Will. Mil vezes, sim.

Desabafo de uma qawwi

# 4| O Apocalipse dos Corais

(4 mins de leitura)

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Após mergulhar na faixa com milhares de recifes e de ilhas continentais, permito-me uma pausa para que o cérebro absorva com clareza as cores do fundo do mar, luzentes como uma aurora boreal. Os corais vivem em colônias e fazem barreiras que sustentam o lar de diversos seres vivos. Será que os humanos compreendem a importância e a magnitude dos amiguinhos que habitam nestas águas? Sem pressa, percorro as avenidas e autoestradas marinhas, esbarrando com tartarugas e golfinhos, peixes e serpentes marinhas. Carlota baleia, incontestável rainha das águas, desliza na sua majestosa grandeza em busca de comida, enquanto dugongos acasalam pelos cantos recônditos do mar. Então, inesperadamente, caio num abismo. A maré torna-se escura, domada por gemidos. Criaturas moribundas, esbranquiçadas, soltam graves queixumes, numa lenta agonia. Baby-coral é um desses seres. Tão pequeno, está gravemente doente e os seus gritos não passam de apelos de socorro que se perdem nos ecos das ondas espirais do oceano. Ao lado de Baby-coral, jazem centenas de corais que sucumbiram à violência do calor.

– Nem sempre foi assim! – confessa Baby-coral tristonho, órfão de pai e mãe. Aos prantos, mostra-me através de um registo gravado no seu DNA, uma memória dos tempos em que vivia em ambiente de festa, quando eram todos saudáveis, antes da tragédia abater-se em suas vidas.

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Fonte: https://airis.life/bleaching-threats-to-the-great-barrier-reef/

Baby-coral era ainda pequeno quando a sua família e quase toda a geração foi saqueada durante uma captura ilegal. Os que restavam, se não estavam a morrer, rogavam aos deuses dos oceanos, por um milagre que os salvasse do apocalipse que descera sobre os recifes. É que nos últimos dois anos, metade dos corais haviam passado pelo processo de branqueamento (perda de pigmentos e de algas associados aos tecidos) e hoje, só sobravam pálidas sombras do que eles tinham sido um dia.

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Fonte: https://airis.life/bleaching-threats-to-the-great-barrier-reef/

Baby-coral e outros corais vivem em permanente pesadelo. Graças a queima de combustíveis fosseis e de outras coisas pouco sensatas, vieram as alterações climáticas que acabaram conduzindo ao aquecimento das águas e por fim, a catástrofe que agora dizima em massa os corais.

– Pobre Baby-coral. A minha alma se compadece. Que posso fazer por vocês?

Tem de haver alguma forma de reverter a situação. Sou recém-chegado ao planeta terra, mas ouvi dizer que alguns líderes comprometeram-se a reduzir as emissões de CO2, pese embora alguns presidentes como Ronald Trunfão, contra a lógica razoável, não querem este acordo.

E se eu pedisse aos meus superiores para intervirem? Não, não poderia, tal seria contra os princípios do meu planeta.

Baby-coral engole as lágrimas e tenta tranquilizar-me:

– Espere senhor, há outros humanos como você, que querem ajudar. Temos recebido visitas de pesquisadores, rumores correm de que estão a preparar e a testar laboratórios que poderão nos socorrer – é a primeira vez que noto alguma esperança na voz de Baby-coral – e se as temperaturas baixarem, quem sabe? Talvez haja um futuro para nós. Vá meu amigo, fale com os outros, interceda por nós! É possível encontrar um equilíbrio!

Anuo e deixo-o com uma promessa silenciosa, antes de começar a nadar de regresso à Terra. Sim, há uma chance de eles sobreviverem, se todos os humanos, biólogos, cientistas, líderes, organizações e pessoas individuais, fizerem a sua parte para amenizar os efeitos das alterações climáticas. Nado com a urgência da questão bailando nas falsas barbatanas dos meus pés.

Linan, a qawwi

Nota sobre este texto:

A Grande Barreira de Coral da Austrália, património mundial da UNESCO, sofreu um “colapso catastrófico” de corais durante uma vaga de calor em 2016, “uma ameaça à diversidade da vida marinha. Um terço dos corais de superfície da Grande Barreira morreu devido ao aumento das temperaturas. A Grande Barreira de Coral é o maior complexo de recifes de coral do mundo. Os recifes de coral representam menos de 1% do ambiente marinho da Terra, mas abrigam cerca de 2% da vida marinha. Se não se limitar a subida de temperatura estabelecido no Acordo de Paris “a Grande Barreira de Coral corre mesmo o risco de desaparecer” – In Diário de Notícias, 19 de Abril de 2018.

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