Outras maravilhas humanas

Chamada para Publicação de Antologia em Ficção Especulativa

Espíritos Quânticos: Uma Jornada por Histórias de África em Ficção Especulativa

Capa promocional: Arte de Collin Anderson; Design da BROKEN – Agência Criativa

ÚLTIMA ACTUALIZAÇÃO, 21 DE SETEMBRO DE 2021: SUBMISSÕES ENCERRADAS

Por ocasião do terceiro ano de existência do Diário de uma Qawwi, que se assinala este ano, abrimos este edital para a recepção de textos que poderão constar na antologia em epígrafe.

O Diário de uma Qawwi pretende apoiar o desenvolvimento de novos tipos de produção literária africana, com particular enfâse à ficção especulativa. Embora o género “fantástico” tenha uma longa tradição na narrativa oral e escrita africana, até algum tempo atrás o nosso continente era pouco associado a outros tipos de literatura, incluindo a que aqui trazemos em alusão. Havia certa percepção de que os extraterrestres, os países futurísticos, as sociedades utópicas e afins, pertenciam ao mundo ocidental. A verdade é que, a riqueza e a diversidade das nossas tradições, aliadas ao espelho da humanidade e do universo como um todo, nos trazem leituras únicas sobre a vida e sobre o ser humano. África é o berço da humanidade. O futuro, a magia, também começam aqui.

Notamos assim, que as narrativas que configuram a ficção especulativa, têm estado a ganhar cada vez maior relevância em África actualmente.

Por esta razão, pretendemos com a ajuda de todos os escritores africanos que aceitem apoiar esta iniciativa, proporcionar ao leitor a exploração das múltiplas histórias do continente, através de novos satélites, quer seja do imaginário relativo a África futurística, quer seja por viagens em discos voadores, peneiras mágicas, realidades alternativas, sociedades utópicas, sociedades distópicas, universos múltiplos, na companhia de magos, cientistas, ancestrais, fantasmas ou outras entidades, em textos inspirados nas nossas culturas, cruzando com novos códigos e imaginários, assim como com novos processos narrativos. Pretendemos, em suma, arrebatar os leitores, com histórias explosivas, mostrando aquilo que pode ser produzido por autores africanos, através da língua portuguesa.

“Espíritos Quânticos: Uma Jornada por Histórias de África em Ficção Especulativa” vai assim juntar histórias (contos/crónicas/outros) de diversos autores africanos, com ou sem livros publicados, em formato de antologia a ser publicada pelo Diário de uma Qawwi, que será comercializado em Moçambique e em Portugal (formato físico), e pelo Amazon (formato digital), assim como mensalmente no blog em referência e, por fim, em Audiolivro. Para o efeito, preve-se que haja uma remuneração simbólica para os autores a entrarem na antologia.

Envie o seu texto até o dia 20 de Setembro do corrente ano. Os textos devem ser enviados para o email diariodeumaqawwi@gmail.com. Para mais detalhes sobre esta publicação, consulte o regulamento abaixo.

Regulamento da Antologia

Espíritos Quânticos: Uma jornada por histórias de África em ficção especulativa

  1. Quem pode submeter?

Qualquer escritor(a) africano(a), com ou sem obras publicadas, maiores de 18 anos ou emancipados, desde que sejam escritos (ou traduzidos) em língua portuguesa e que obedeçam a temática da antologia.

2. O que se busca para esta antologia?

2.1 Textos em prosa, com conteúdo de ficção especulativa.

2.2 Textos de qualquer gênero ou subgenero literário, desde que contenham elementos de ficção especulativa. Assim sendo, O escritor é livre de criar e misturar um (1) ou tantos quantos géneros/temas lhe aprouver, desde que mantenha o critério aqui solicitado. Por exemplo, se for a escrever um conto ou uma crónica do quotidiano, uma história de suspense, uma trama romântica, de terror, ou qualquer outro, certifique-se de que ela não contenha aspectos meramente mundanos e sim um elemento especulativo. Os géneros e sub-géneros de ficção especulativa podem incluir, não se limitando a:

  • Fantasia;
  • Ficção científica;
  • Terror sobrenatural;
  • Sobrenatural;
  • História alternativa;
  • Afrofuturismo;
  • Utopias e distopias;
  • Cyberpunk;
  • Black-tech; e
  • Outros

3. Quais os critérios de avaliação?

3.1 Serão aceites pela equipa do Diário de uma Qawwi, todos os textos submetidos, desde que cumpram, no mínimo, os seguintes requisitos:

a) Submissão dentro da janela do tempo especificada;

b) Cumprimento dos critérios de formatação e limite de páginas;

c) Cumprimento da temática solicitada; e

d) Qualidade literária;

3.2 Temos uma quota reservada para este livro (capacidade para incluir entre 12 a 15 textos). Caso se verifique que as submissões, que reúnem os requisitos acima descritos, excedem a quota reservada para a antologia, esta chamada tomará o carácter de concurso, e os textos serão levados a uma comissão de análise, composta por três (3) personalidades de reconhecido valor e idoneidade ligadas à literatura, para passarem a fazer a selecção do conjunto de textos, em parceria com a equipa do Diário de Uma Qawwi.

4. Que formato os textos devem adoptar?

Os textos devem ser submetidos em formato word, com o máximo de 2.000 (duas mil) palavras e 6 (seis) páginas, em A4, Times New Roman 12, espaço 1.5.

5. Aceita-se submissões múltiplas?

Sim. Pois, cada autor pode enviar um (1) ou mais textos, desde que no seu conjunto, os textos não excedam 2.000 (duas mil) palavras e 6 páginas, conforme descrito no artigo acima.

6. Aceita-se submissões/publicações simultâneas?

6.1 Não. Os textos submetidos à antologia devem ser inéditos, e não podem ser (ou ter sido) submetidos ou publicados por outras editoras. Caso seja seleccionado, o autor concede desde já o direito de exclusividade de publicação pelo Diário de uma Qawwi, pelo período de um ano, a contar da data da publicação da antologia.

6.2 A regra acima não se aplica às excepções que por ventura venham a ser consentidas pelo Diário de Uma Qawwi, para textos fora do âmbito deste edital, que possam ser incluídos na antologia.

7. Há espaço para submissões ou traduções em co-autoria?

7.1 Aceitamos textos submetidos em co-autoria, desde que um dos participantes seja um autor ou autora africana (o).

7.2 Em caso de submissões em co-autoria, a simbólica remuneração pela participação e quaisquer direitos autorais previstos para 1 (um) autor, serão repartidos por igual entre os co-autores.

7.3 A regra do artigo 7.2 aplica-se às submissões do tradutor ou tradutora do texto de um autor ou autora africano(a) em língua portuguesa, em parceria com o referido autor ou autora.

7.4. Não serão permitidas submissões de textos traduzidos para a língua portuguesa, sem o consentimento e participação do autor ou autora do referido texto.

8. Qual a tiragem dos exemplares e o PVP?

Pretende-se efectuar uma tiragem inicial de quinhentos (500) exemplares. O PVP será determinado em data a anunciar.

9. E em relação aos direitos autorais?

9.1. No que se refere ao livro físico e o audiolivro não está previsto o pagamento de direitos autorais.

9.2 Para o livro digital a ser comercializado no Amazon, o Diário de uma Qawwi reserva-se o direito de oferecer, ou não, a cada autor seleccionado, o pagamento dos direitos autorais aquando do contrato/declaração a ser assinado após a divulgação dos resultados deste edital.

10. O que mais oferece esta antologia aos autores?

10.1 Com a devida observância à regra da cláusula 7, todos os autores participantes receberão uma simbólica contribuição pela participação. O cálculo desta obedecerá os seguintes critérios:

a) O autor receberá o valor de 0.60 MT (sessenta cêntimos em Meticais) por cada palavra do seu texto, até ao máximo de 2.000 (duas mil) palavras.

b) Excepcionalmente, e na eventualidade de se verificar um volume de textos correspondente à metade ou abaixo da metade da quota reservada para o livro, o autor receberá o valor de 1,00 MT (um metical), por cada palavra do seu texto, até ao máximo de 2.000 (duas mil) palavras.

c) O pagamento será efectuado logo após o anúncio dos resultados, assim que a formalização da publicação tiver sido feita, usando-se conta bancária/mpesa/conta móvel (Moçambique) ou paypall (fora de Moçambique). Do valor em causa, serão deduzidos quaisquer comissões de transferência.

10.2 Cada autor receberá ainda, um (1) exemplar grátis da antologia.

10.3 Os exemplares grátis referidos no ponto 10.2, deverão ser levantados nos locais em Moçambique, a serem indicados aquando do lançamento da antologia, previsto para o primeiro semestre de 2022. O Diário de uma Qawwi poderá organizar o envio dos referidos exemplares para fora de Maputo ou de Moçambique, caso o autor assim o solicite, mediante o pagamento da respectiva tarifa de correio.

10.4 Caso o autor pretenda adquirir exemplares adicionais, poderá fazê-lo ao PVP.

11. Como e quando fazer a submissão?

11.1 Todos os textos deverão ser enviados a partir do dia 20 (vinte) de Julho até ao dia 20 (vinte) de Setembro de 2021, para o email diariodeumaqawwi@gmail.com.

11.2 Cada texto deverá conter um cabeçalho com o título, nome ou pseudónimo do autor, e o número total de palavras (wordcount).

11.3 O autor deverá ainda enviar um documento separado contendo o nome completo, a nacionalidade, morada, email, contacto telefónico, uma breve sinopse (2 a 3 linhas no máximo) do texto submetido e uma biografia resumida do autor (até 120 palavras).

12. Qual é o prazo de análise e de divulgação dos resultados?

12.1 Os originais submetidos serão analisados a partir da data do encerramento das submissões.

12.2 Ao submeter o seu texto, o autor receberá um email acusando a recepção. Este email servirá de comprovativo da submissão. Após a análise de todas as submissões, que será conduzida pela equipa ou pela comissão do Diário de uma Qawwi, iremos divulgar os textos seleccionados, no blog do Diário de uma Qawwi, até ao dia 30 de Outubro de 2021 (inscreva-se no blog ou siga-nos nas redes sociais para manter-se actualizado).

13. Como e onde será publicada a obra?

A antologia terá o seguinte formato de publicação e distribuição:

– Livro Físico – a ser distribuído e comercializado em Moçambique e em Portugal;

– Livro Digital – a ser publicado no Amazon;

– Publicação mensal de cada texto, no blog Diário de uma Qawwi; e

– Audiolivro.

14. Disposição diversa?

14.1 O Diário de uma Qawwi reserva-se o direito de:

a) Estender o prazo de submissões ou o prazo de divulgação dos resultados, caso assim se justifique, por um período nunca superior a 30 dias.

b) Desqualificar os textos submetidos, caso não reúnam os critérios de avaliação estabelecidos.

c) Proceder à revisão linguística dos textos para efeitos de publicação.

d) Não se responsabilizar por cópias, plágios ou violação de direitos autorais cometidos pelos autores seleccionados.

e) Publicar uma nova tiragem caso esgote a primeira edição.

14.2 Todos os textos submetidos fora do prazo e todos os textos não seleccionados, serão automaticamente descartados do acervo.

14.3 Ao submeter o texto, o autor aceita automaticamente os termos e condições deste regulamento, bem como a proceder a assinatura de um eventual contrato de edição com o Diário de uma Qawwi, para a publicação da antologia.

14.4 Caso tenha quaisquer dúvidas com relação às regras deste regulamento, entre em contacto através do email diariodeumaqawwi@gmail.com.

Maputo, aos 15 de Julho de 2021,

Os organizadores da Antologia

Visite-nos e siga-nos em:

https://diariodeqawwi.com/

https://www.facebook.com/qawwi.reviews

Lançamentos!, Outras maravilhas humanas

Chamada para a Antologia “CRÓNICAS DE YASUKE: O Primeiro Samurai Negro”

17 de Junho de 2021

Está aberto, desde 24 de maio de 2021 e segue até o dia 19 de julho de 2021, o edital para a Antologia “Crónicas De Yasuke: O Primeiro Samurai Negro”. A colectânea é uma iniciativa cultural da Editora KULERA e visa analisar e selecionar textos que farão parte de um livro de contos e crónicas inspirados em Yasuke, o primeiro e único samurai negro de origem moçambicana, a ser lançado em formato físico e digital (e-book) no início do primeiro semestre de 2022.

De acordo com Emílio Cossa, organizador da obra, a ser concretizado, o projecto irá “Dar a conhecer ao público a sua existência e categorizá-lo como um dos primeiros heróis moçambicanos. Irá, igualmente, promover a cultura do gênero literário Ficção Histórica, ou seja, história criada no passado, que incorpora características verdadeiras do período, incluindo personagens ou eventos ficcionais, um género literário com muito potencial mas um muito pouco explorado no corpus literário moçambicano”.

Yasuke era um guerreiro que alcançou o posto de samurai sob o domínio de Oda Nobunaga – um poderoso senhor feudal japonês do século 16 que ficou conhecido como o primeiro dos três unificadores do Japão. De acordo com a Histoire Ecclesiastique Des Isles Et Royaumes Du Japon, escrito por François Solier da Sociedade de Jesus em 1627, Yasuke era um muçulmano nascido em Moçambique.

A nível global, Yasuke já foi pretexto para livros, filmes, videojogos, revistas de banda desenhada e outras manifestações artísticas. Destas, amais recente e provavelmente a mais mediatizada, é a série de animação “Yasuke”, lancada pela Netflix em Maio de 2021. Nesta, o lendário guerreiro é retratado como um barqueiro responsável por proteger uma menina com poderes especiais.

Moçambique, ainda que de forma tímida, não ficou alheio a estas acções. Com efeito, Yasuke serviu como inspiração criativa no lançamento da 5ª Geração da Mitsubishi L200, sendo referenciado como “Samurai Africano”, tendo sido lançado em novembro de 2016 um modelo exclusivo com o nome L200 YASUKE em sua homenagem. Nas artes plásticas, Matine João, jovem conceituado artista moçambicano, pintou em aguarela sobre papel gravuras sobre a vida de Yasuke, tendo estas sido doadas ao acervo do Museu de História Natural de Maputo com o apoio do Grupo João Ferreira dos Santos num série de acções que promovem o resgate do Samurai Africano. Na música, em 6 de setembro de 2020, o rapper Jay Arghh, membro do colectivo New Joint, lançou o álbum musical intitulado “Yasuke EP”, composto por oito (8) faixas do género Hip Hop/RnB, visivelmente inspirado em Yasuke, cuja ilustração aprece na capa do trabalho discográfico.

No que à literatura diz respeito, segundo a imprensa moçambicana, Yasuke serviu de inspiração para um livro que estava a ser desenvolvido pelo escritor moçambicano Calane da Silva, falecido em 29 de janeiro de 2021, sem que a referida obra tenha sido lançada.

O regulamentopara a Antologia “CRÓNICAS DE YASUKE: O Primeiro Samurai Negro” encontra-se disponível na Internet e pode ser consultado nas redes sociais e do site da Editora Kulera, em www.editorakulera.com.

Outras maravilhas humanas

Maravilhas humanas | Birth of a New Age, canção de Jeangu Macrooy

Fonte Imagem: Wiwibloggs

Na categoria de maravilhas humanas, trazemos hoje nesta pequena resenha, a cancão “birth of a new age” do cantor Jeangu Macrooy, tema que concorreu recentemente no concurso de música Eurovisão 2021, representando a Holanda. O cantor surinamese Jeangu Macrooy, residente na Holanda, cantou esta música em inglês e na sua língua materna. Veja abaixo, uma parte da letra:

Your rhythm is rebellion / o teu ritmo é rebelião

They spat on your crown and they poisoned your ground / Eles cuspiram na tua coroa e envenenaram o teu solo

They burned your heroes at the stake / Eles queimaram os teus heróis na fogueira

But your voice will echo all their names / Mas a tua voz ecoará todos os seus nomes

They buried your gods, they imprisoned your thoughts / Eles enterraram os teus deuses, eles aprisionaram os teus pensamentos

They tried to drain you of your faith / Eles tentaram drenar a tua fé

But you are the rage that melts the chains / Mas tu és a raiva que derrete as correntes

This ain’t the end, no / Este não é o fim, não

It’s the birth of a new age / É o nascimento de uma nova era

Yu no man broko, broko mi (mi na afu sensi)

Ora, a frase “Yu no man broko mi, mi na afu sensi“ é baseada num antigo dizer surinamese que significa “sou apenas meio cêntimo, mas ninguém pode quebrar-me”. O meio cêntimo era na altura a moeda mais pequena. E este dizer significa: “podes pensar que sou pequeno e inferior, mas não posso ser destruído”.

Este belíssimo tema parece trazer diversos significados. Por um lado é dito que reflecte questões políticas e sociais, em resposta ao movimento “Black Lives Matter”, mas a nosso ver, reflecte também sobre o que aconteceu a muitos povos negros e africanos, e em última análise, de forma geral, inspira o empoderamento do ser humano.

Confira a canção no link abaixo:

Human wonderworks | Birth of a New Age, song by Jeangu Macrooy

In the category of human wonderworks, today we bring in this short review, the song “birth of a new age” by the musician Jeangu Macrooy, a theme that recently competed in the Eurovision music contest, representing the Netherlands. The Surinamese singer Jeangu Macrooy, who lives in the Netherlands, sings this song in English and in his mother language. Below, is an excerpt of the lyrics:

Your rhythm is rebellion

They spat on your crown and they poisoned your ground

They burned your heroes at the stake 

But your voice will echo all their names

They buried your gods, they imprisoned your thoughts

They tried to drain you of your faith

But you are the rage that melts the chains

This ain’t the end, no

It’s the birth of a new age

Yu no man broko, broko mi (mi na afu sensi)

Well, the phrase “Yu no man broko mi, mi na afu sensi” is based on an old Surinamese saying which means “I am only half a cent, but no one can break me”. The half cent was the smallest coin at the time. And this saying means: “you may think that I am small and inferior, but I cannot be destroyed”.

This beautiful song seems to bring several meanings. On one hand, it has been said that same addresses political and social issues, in response to the “Black Lives Matter” movement, but in our view, it also reflects on what happened to many black and African peoples, and, ultimately, in general, it inspires human’s empowerment.

Check out the song on the below link:

Livros, Outras maravilhas humanas, Resenhas

Editoras moçambicanas que aceitam analisar livros de novos autores

Literatura

7 de Junho de 2021

Tem um original pronto e não sabe a quem o mostrar, para que o mesmo seja publicado? Esta é uma dúvida que, na verdade, em algum momento, passa por todo escritor, principalmente na fase inicial da carreira. Se você já terminou o seu manuscrito, fez – ou pediu alguém que fizesse – uma revisão (é sempre aconselhável ter o livro revisto antes de submeter à uma editora), e sente confiança para dar o passo seguinte, mas não sabe como fazê-lo, continue a ler esta nota.

Apesar da crise económica, dos desafios relativamente à venda e à distribuição do livro em Moçambique, o mercado editorial segue em evolução. Em abono da verdade, é um mercado que tem crescido globalmente, tamanha é a importância do livro.

Pelo mundo afora, existem as editoras grandes, também chamadas “editoras tradicionais”, que normalmente publicam best sellers internacionais e autores nacionais consagrados. Este tipo de editora financia o custo da produção inteira do livro e até efectua um adiantamento de direitos autorais aos escritores. Algumas destas editoras, estão abertas à recepção de originais não solicitados, mas raramente publicam autores desconhecidos. Para quem está a começar, é uma realidade um pouco desencorajadora, mas esta dinâmica é compreensível, pela própria actividade e risco da editora, que sobrevive da venda de livros.

Entretanto, existem também as editoras médias e pequenas, que quando não arcam com as despesas de toda a produção, publicam os livros em parceria – com recurso ao patrocínio de instituições, ou em parceria com o próprio autor. Nos tempos de hoje, vale ainda lembrar que, com o advento das novas tecnologias, a publicação do livro em formato digital e áudio, facilita a distribuição do livro, tanto para as editoras como para os autores que optam pela auto-publicação (uma matéria para avaliarmos em outra oportunidade).

Note ainda, que tem sido tendência das editoras, tanto as nacionais como internacionais, fazerem chamadas para publicação, quer para a submissão de originais à própria editora, de tempos em tempos, submissão a concursos literários, quer através de contribuição de textos em antologias ou revistas. As chances de autores novos e estabelecidos, poderem mostrar o seu trabalho, é bastante maior nestas circunstâncias, portanto, fique atento!

Em Moçambique, a maioria das editoras já tem os seus catálogos definidos e a sua própria linha editorial. Mas isso não significa que as portas estejam fechadas!

Confira abaixo as editoras que estão disponíveis a analisar manuscritos não solicitados e a ler o que você escreveu. Lembre-se, todavia, que a análise do seu manuscrito é normalmente feita sem compromisso por parte da editora. O prazo de resposta, os termos e condições, caso o manuscrito seja aceite para publicação, entre outros factores, vai variar de caso para caso, e de acordo com os critérios de cada editora, os quais nós desconhecemos.

  1. Fundação Fernando Leite Couto

Esta editora aceita receber originais não solicitados, a qualquer momento. Os originais devem ser enviados para o email ler@fflc.org.mz.

  • Cavalo do Mar

A Cavalo do Mar também aceita receber originais para análise, os quais devem ser enviados a atenção do editor. Neste momento (Junho de 2021), entretanto, a Cavalo do Mar não está a analisar originais. Fique atento para oportunidades que possam surgir brevemente.

  • TPC Editora

A Editora TPC está aberta a avaliar originais, a todo o momento. Os autores podem submeter os seus originais para o email fernando.ssamson@gmail.com. Note ainda, que a TPC Editora, para além de aceitar originais de ficção, os quais ocupam 40% do catálogo editorial, incentiva a produção de ensaios académicos, que ocupam 60% do seu catálogo.

  • Editora Trinta Zero Nove

A Editora Trinta Zero Nove é uma pequena editora independente vocacionada para a publicação de literatura traduzida. Neste momento não aceita originais nem manuscritos não solicitados. Entretanto, esteja atento às páginas da editora nas redes sociais e o website onde anunciarão oportunamente oportunidades de publicação (https://www.editoratrintazeronove.org/faq).

  • Gala Gala Edições

Esta editora está aberta a avaliar originais. Os autores podem submeter os seus manuscritos para galagalalivros@gmail.com. Note que, em caso de aceitação, a editora normalmente publica os livros em parceria com o autor.

  • Editora Kulera

A Editora Kulera, neste momento, publica apenas em parceria com o autor, ou seja o autor terá de custear a produção do livro. Entretanto, a editora mostra-se disponível a dar uma opinião, sem compromisso, para que o autor saiba se está no caminho certo. Nesses casos, e por causa da demanda, a editora solicitará algum tempo, antes de efectuar a análise e dar o seu parecer. Para o efeito, o texto deve ser submetido no email editorakulera@gmail.com.

Boa sorte!

Source Image: <a href="http://<a href="https://www.freepik.com/photos/people">People photo created by wayhomestudio – http://www.freepik.comFreepik

Outras maravilhas humanas

Problemas psicológicos x COVID-19

*Psicóloga Marina Franco

Com a chegada do COVID-19 no Brasil, podemos notar que o comportamento das pessoas mudou. Surgiu não apenas a epidemia do vírus, mas também a do medo. Somos um povo muito caloroso e receptivo, gostamos de estar junto dos amigos, de participar de comemorações ou do famoso churrasco do fim de semana. No entanto, a doença forçou todo mundo a se isolar e sem poder mais mostrar nosso carinho nem estar presentes no dia a dia, como antes.

O isolamento pode ser, sim, um gatilho que propicia o surgimento de alguns problemas psicológicos. Para que sejam evitados esses quadros, devemos tentar minimamente manter a rotina. Devemos também tentar conversar e manter contato, mesmo que através das tecnologias, com amigos e conhecidos.

Não devemos deixar os idosos sozinhos, porque eles estão no grupo de risco e podem estar com um medo e ansiedade muito maior. Eles podem entender essa ausência de contato como uma espécie de abandono. Temos que estar a todo o momento explicando e informando a eles o porquê do nosso distanciamento, que nesse caso é para protegê-los. Tantos os mais jovens como os idosos devem buscar atividades que os mantenham ocupados e que lhes dão prazer. Procure hobbies, assista filmes, leia livros ou assista aulas na internet.

É muito importante que, nesse momento, as pessoas não entrem na epidemia do pânico para não começarem a sentir sintomas que são do COVID-19, como por exemplo, a falta de ar. Existe um pânico como um transtorno mental individual, que afeta o físico. Existe o medo constante da morte como ainda o “pânico cultural”, que é o medo de pensar no que vai ou pode acontecer no futuro.

A falta de ar do pânico surge quando existe o medo de morrer e não se tem controle da situação. Não tem uma causa específica e vem associado a outros sintomas como boca seca, taquicardia, sudorese entre outros. Já a falta de ar do COVID-19 é diferente, pois manifesta sintomas dessa condição junto aos da gripe, congestão nasal, tosse e febre.

Mas o que fazer para não entrar em pânico ou ter crises de ansiedade? Busque somente informações confiáveis sobre o coronavírus e delimite um tempo por dia para ver essas notícias. Caso perceba que está muitas horas em função das notícias, isso pode aumentar a ansiedade e fazer com que fique em estado de alerta, além de mal-estar mental e físico associados.

Precisamos estar atentos às informações corretas, à prevenção e a como podemos fazer para não sermos contaminados. O ideal é que busquemos dados que nos tranquilizem e não que nos deixem mais amedrontados. O importante nesse momento é pensar em tudo que a gente tem controle e no coletivo! O que não temos controle, devemos aceitar e continuar fazendo a nossa parte.

Uma alternativa é atendimento online com psicólogos. Caso você já se consulte com um profissional, pode manter aquele mesmo horário ou o profissional também pode atender pessoas que estejam sofrendo agora em virtudes dessas mudanças na rotina. Os atendimentos são feitos através de canais como Skype, ou até mesmo através de chamadas de vídeo no Whatsapp. Assim como você faz com amigos, você pode fazer uma consulta psicológica online no conforto de sua casa e recebendo um atendimento que, com certeza, vai te fazer muito bem.

(*) Marina Franco é psicóloga formada pela Universidade Federal de Sergipe; Especialista em Terapia Cognitivo Comportamental pelo CTC VEDA em São Paulo; Mestre em Psicologia Clínica pela PUC-SP; realiza atendimento presencial e online. Tem experiência no atendimento com adolescentes e adultos.

Marina Franco - psicóloga -divulgação

Outras maravilhas humanas, Resenhas

|Maravilhas humana| Txopela de Stewart Sukuma

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Imagem: SapoNoticias

No imaginário infantil, no trópico de Capricórnio, txopelar nunca foi, tão só, uma aventureira e arriscada viagem de alguns segundos ou minutos. Muito pelo contrário, é a realização de sonhos que exorcizam vontades recalcadas. Noutros tempos, as crianças se penduravam nos taipais dos Land Rover, dos Bedfords e Ifas, até nas bicicletas se boleiam aproveitando a distração do pedalante, para provarem ao mundo a sua agilidade e destreza.

A modernidade transformou os veículos, mas nunca o sentido da aventura. Hoje, txopelamos em chapas de outras latitudes. Carroçarias empilhadas e a determinação de uma vontade que perdeu a ingenuidade. As emoções e os prazeres, não se algemaram no tempo e, testemunham a sua longevidade. A verdade foi sempre a filha do tempo e a sabedoria a filha da experiência. Txopelar combina o espelho da alma para dar sentido as vivências e experiências de Stewart Sukuma.

A janela da alma habita no intelecto e, lá se encontram os sentidos. Todos ou alguns. Mas, só o cérebro percebe o que é transmitido pelos sentidos. As imagens, ainda assim, viajam no sentido inverso. Muito antes de qualquer transmissão, revelam a plenitude da natureza e a graciosidade de uma mulher miscigenada. Estas as imagens que combinam à memória, à sensualidade e a luta de um povo, de várias gerações, o clamor pela vida e pela luz, a força de todos estes tempos e outros que ainda estão para chegar.

Assim, como uma canção harmoniosamente bem tocada proporciona um prazer efêmero, uma imagem expressiva, abre as portas para um mundo de sonhos. A ideia pareceu simples. O tempo amadureceu e o txopela se reconfigurou. Ganhou sua identidade e transportou milhões de seguidores. Txopela deu boleia a lusofonia e entrou pelas nossas casas desregradamente. Ninguém desgostou. Pelas telas se transformou numa colmeia de abelhas que se deliciaram de um mel que soube a pouco. Agora regressa à conta-gotas.

Ainda juvenis aprendemos que as imagens são irmãs dos sons agradáveis. Esta aula deve ter interessado sobremaneira ao Stewart Sukuma. Ainda tacteava o seu mundo, o seu espaço. A adolescência empurrou para o sentido da audição. Privilegiou o que mais mexe com os corpos e menos com a mente.

Sukuma foi o promotor do txopela. Internacionalizou uma das expressões mais acarinhadas do país. Txopelando a tecnologia e a beleza genuína da paisagem e suas histórias, articulou como ninguém, o que de melhor este país teria para oferecer.

A música e as imagens, em movimentos ou fixas, são feitas para dar vida e harmonia ao tempo. O bom músico tem dois propósitos. Fazer da vida dos que escutam um tempo mais agradável e, pintar no nosso imaginário o txopela das emoções. O verdadeiro sentido da harmonia reside nesta combinação e seleção do que de melhor o nosso país pode oferecer.

Txopela palmilhou o país de lés-a-lês. Porém, perdeu-se de amores na Ilha dos poetas. Aqui neste espaço-tempo território onde as pétalas tem sabor a maresia, os espíritos desgrudam-se de árvores centenárias, escritores vendem suas almas e, os temperos, enfeitiçam visitantes desavisados. Muhipiti, também, vive txopelada nas ondas de uma onda que aquece o Índico.

Somos todos insulares e nos refugiamos no continente, procurando uma clave de sol que ficou tatuada na memória das paredes das imagens espalhadas pelos nossos corações. Vivemos txopelados pela modernidade de cores e luzes, de um vento que soprara para todo o sempre. Estas imagens são uma cumplicidade de sentimentos, de panorama da qualidade do mais moderno écrans televisivo, misturando em única imagem, o passado, presente e o futuro de forma exuberante.( X)

Jorge Ferrão

Outras maravilhas humanas, Resenhas

Maravilhas humanas | A Vingança do Mítico Pangolim

Por Jorge Ferrão

Os nexos que se estabelecem entre os animais selvagens, em vias de extinção, e os esforços para sensibilizar sobre a importância de sua conservação, têm conduzido os organismos internacionais e as principais agências responsáveis pela gestão da fauna, a estabelecerem datas especiais para celebrar os pequenos sucessos na preservação destes animais. Todavia, parece cada vez mais evidente a existência de uma preocupação em relacionar o consumo de diferentes espécies de animais, nomeadamente, cobras, morcegos, ratos, escorpiões, lagartos e pangolins, com as várias epidemias e pandemias, que criam um desassossego às economias e às sociedades, um pouco por todo mundo.

O pangolim (Manis Temminckii) tem, também, agora um dia especial, 15 de Fevereiro. Deste modo, Moçambique e o mundo celebram os poucos pangolins, ainda vivos, e os milhares que foram sacrificados e que deixaram de dar o seu contributo aos diferentes ecossistemas e às economias agrícolas familiares.

Desde o começo desta semana, especialistas, estudantes, amantes da fauna, curiosos e, até, leigos, tem a oportunidade de visitar um dos mais míticos e cobiçados animais da nossa fauna, por vezes tão descuidada e perseguida, outras vezes, tão relegada ao abandono e ao seu próprio destino. Estamos em festa e celebramos o pangolim.

Pangolim, a espécie mais ameaçada do mundo

Em 1999, a legislação moçambicana estabeleceu o pangolim (Manis Temminckii) como uma das espécies protegidas, e cujo consumo e venda foi vedado. Entretanto, esta proibição apenas foi decretada pelo CITES (Convenção sobre o Comercio Internacional das espécies em perigo de Extinção) em 2017. O pangolim tem sido uma das espécies que, à semelhança dos elefantes e dos rinocerontes, tem sido, invariavelmente, traficado e já colocado como uma espécie em vias de extinção no país. O pangolim caminha, assim, para um precipício iminente e sem retorno.

O comércio ilegal do pangolim aumentou consideravelmente desde 2008 em África e, um pouco por todos os relatórios mundiais de preservação da fauna, os dados confirmam o tráfico de, pelo menos, um milhão (1.000.000) de pangolins para China e Vietnam, os países que mais consomem e influenciam o contrabando dessa espécie na ultima década, porém, este numero foi já ultrapassado apenas num único ano, isto é, em 2019 com cerca de mais de 1.200.000. Aliás, as mesmas redes de contrabando que operam no tráfico de marfim, cornos de rinoceronte e madeira, são as que, aproveitando-se de esquemas de suborno e corrupção, traficam pangolim vivo, congelado ou as suas escamas as toneladas.

Estas redes melhoraram, inclusivamente, o seu modus operandi, através do uso de redes sociais como o Facebook, para anunciar a venda de seus produtos e estabelecer cadeias de preço.

O tráfico se justifica e intensifica pelo facto de as escamas serem utilizadas para o “tratamento” e prevenção de várias doenças e patologias, nomeadamente, a disfunção sexual, as doenças cardíacas, câncer e até as deficiências de lactação da mulher. Os médicos mesmo na China rejeitam estas propriedades mas as farmácias continuam a vender aos seus clientes. Não obstante, as crenças continuam mais fortes do que as evidências científicas e o número de usuários não pára de crescer.

Se, por um lado, temos estas pouco provadas e testadas evidências de propriedades medicinais, que geram alta demanda, por outro lado, continua preocupante o consumo da carne do pangolim, muito apreciada na restauração, nos principais restaurantes de luxo na Ásia. Em determinados restaurantes, o prato de pangolim, pode chegar a um custo aproximado de 500 dólares norte americanos ou equivalente. Aliás, nestes locais, o animal é vendido ainda vivo, e é degolado na presença do cliente para que este possa também comer ou beber o sangue.

Entre a superstição e a verdade

Ao longo de milhares de anos, foram identificadas oito (8) espécies de pangolim nos continentes asiático e africano. O pangolim é um mamífero escamoso da ordem Pholidota, por sinal a única espécie existente, também, designada Manidae, que possui três géneros.

Na Ásia, o pangolim está quase extinto e em alguns países desapareceu ainda no século passado. Em África, ainda, são encontradas quatro (4) espécies de Manis, nomeadamente, Phataginus, Smutsia, Tricuspis e Temminckii, espalhadas um pouco por todo o continente. A espécie Temminckii, eventualmente a mais representativa, pode ser encontrada na África Austral, Oriental e até na região do Corno de África, para além do Norte de África. As restantes encontram-se na África Central e Ocidental.

Estes mamíferos chegam a pesar entre 1,5 quilos até os 20, 25 quilos ou mesmo 35 quilos. Porém, em média, eles possuem entre 3,5 a 10 quilos, e podem ser encontrados em todo Moçambique, próximo das termiteiras e ou em locais cuja presença de formigas seja abundante.

O pangolim consome cerca de 190 mil formigas, por dia, o equivalente a 70 milhões de formigas, por ano. Lento, e que vive enrolado no interior destas termiteiras, o pangolim é considerado, pelos agricultores, como o mais eficaz controlador de pragas e térmitas que devastam os campos agrícolas do sector familiar.

Com a língua que é mais comprida que o próprio corpo, o pangolim tem um vasto conjunto de benefícios para o ecossistema e reduz, igualmente, os habitantes dos morros de muchém, que são devastadores para os agregados familiares, que sofrem com os efeitos das térmitas até no espaço habitacional, apodrecendo, de forma precoce, os aros das portas, das janelas e até as estruturas das casas.

O pangolim é mítico e gera sentimentos obscurantistas e da mais pura ignorância. No nosso país, ele tem diferentes nomes. No norte do país, o Pangolim é designado Ekha, na região de Tete o nome é Xiphalualo, no centro, Manica e Sofala é conhecido por Xikwari e, no sul, por Halakavuma. O seu surgimento suscita controvérsias e diferentes interpretações. Acima de tudo, ele é o mensageiro e tanto pode anunciar a desgraça, como a bonança. No Norte de Moçambique, a chegada do pangolim representa uma época de chuvas regulares, excelentes colheitas e um ano de muita prosperidade. No Centro, Idem. Porém, no sul, a chegada do pangolim anuncia desgraças, períodos de cheias, secas e várias pandemias. São os curandeiros, regra geral, aqueles que são chamados para interpretar a mensagem e comunicar os conteúdos ao resto da população.

Se, por um lado, o pangolim sofre do obscurantismo e de ignorância, por outro, é vítima de arrogância e de ganância desenfreada. As pessoas tem medo de se aproximar e de segurar as suas escamas, e são educadas a nunca olhar de frente para este animal. Aliás, continua célebre a preocupação de que tocando no animal, os casais terão três filhos.

Mas tem sido a ganância o maior mal de que o mamífero sofre. 2019 foi o pior ano no tráfico do pangolim, em Moçambique e no mundo. Em Hong Kong foram descobertas 8 toneladas de escamas e mais de 1000 pontas de marfim, enquanto na Malásia foram descobertos 3 mil toneladas de pangolim congelado e mais de 400 quilos de escamas. Em Singapura, mais de 24 toneladas de escamas foram descobertas, de forma sucessiva. Todo este volume se destinava à China e ao Vietnam.

As rotas envolviam diferentes intermediários e diferentes países. Em média, 159 rotas diferentes foram usadas pelos traficantes entre 2010 e 2015, com médias anuais de 24 toneladas, ou seja, 1,5 milhão de pangolins abatidos.

A Vingança do pangolim

A vingança do Pangolim poderia ser o nome de um filme de ficção, com um roteiro previamente estruturado e com películas gravadas em diferentes sites e continentes. Porém, não é ficção e nem pura e ingénua imaginação. É uma tragédia anunciada. Estudos mais recentes, ainda em fase de pesquisa, conclusivos ou não, indicam que o consumo do pangolim pode estar associado ao mortífero vírus do corona, que desgraça a China e retira o sono e o sossego de todo mundo.

Caso se confirme que o pangolim é o verdadeiro hospedeiro do coronavírus, uma nova atitude e postura terá que surgir em relação ao pangolim. Importa referir que estes e outros animais selvagens são portadores de diferentes vírus e que novas estirpes podem desenvolver, escapando-se das defesas do organismo humano e apanhando de surpresa o pacato cidadão. Ultrapassa a fasquia dos 1000, o número de vítimas e, já se superou o número de vítimas do vírus das aves (SASR) que teve o seu epicentro na Ásia e que, por sorte, não gerou efeitos mais devastadores no continente africano.

Enquanto isso, celebremos o pangolim e todo o misticismo que ele representa nas nossas vidas e nos nossos espíritos.

Outras maravilhas humanas

Crónicas de uma viagem anunciada

Por Jorge Ferrão

MSC Orchestra 

Vamos iniciar o percurso. Cruzar os oceanos que Vasco da Gama e Luis de Camões só passaram próximo. Não poderíamos imaginar a grandeza do Orchestra. Para dificultar, o nosso camarote fica na viola. Nono andar. Estibordo. Tem todo o tipo de gente. Camisetes e chinelos. Corpos desnudados e indiscretos. Cadeirantes e apressados. Imensidão de sonhos. Desejos e vontades. Presépios e árvores natalinas. O Índico recebe-nos de braços abertos, sem sol. Por enquanto, também, sem marés. Até agora só ondulamos os espíritos. Depois, serão as almas. A esta altura, e condicionados no décimo terceiro andar de um prédio flutuante, parece um mar nunca antes navegado. Este é o lugar onde terminam todos os medos. Não sabemos se contemplamos as pessoas ou as águas. Já sem os passaportes, somos transformados em números. Quem disse que os negreiros eram só para os exilados? Fica a promessa. Seriam 12 dias de águas e ventos. Suspiros e doces desordens. O primeiro de 12 aventuras numa viagem anunciada.

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Depressão tropical Calvinia, na rota do Orquestra (4 dias de oceano Índico)

Esta manhã o Orchestra atravessou o trópico de Capricórnio. Para celebrar, Neptuno foi designado o padroeiro e promotor da festividade. Cercado de bandeiras e crianças, Neptuno sugere que todos se sentem à volta da piscina, para que possam desfrutar dos banhos de champagne, tomate, leite e outros.

Mas, pelo coração destes 2869 cruzeirantes, as preocupações são outras. A depressão tropical Calvinia ganhou força e está em direcção às Ilhas Reunião e às Maurícias. Todos os radares e atenções se centram na Calvinia. O instinto do capitão diz que o ideal será atrasar a chegada por um dia. Viajamos a 70 nós, mais ou menos, 32 km/h. Assim, só teremos de prover auxílio a quem necessita.

Mais logo, será o final de um longo 2019. Renovam-se as esperanças, como sempre, para um 2020 de bonança, prosperidade e felicidade. Queremos a magia do novo ano transformando as nossas vidas mas não fazemos nada para sermos essa mudança. Celebraremos a ladainha de um ano melhor, mas continuaremos iguais, inflexíveis, pouco tolerantes. Champagne ajudará a afogar as mágoas e o Cruzeiro seguirá em frente, algures no meio do oceano dos sonhos.

Esta manhã as sirenes tocaram. Aconteceu o insólito. Um jovem de 19 anos equipou-se de colecte salva-vidas e atirou-se ao mar. Passava das 04:00 da manhã. Todos acordaram e, por pouco não nos cruzamos pelos corredores, tal como viemos ao mundo. Uma massiva operação de resgate fora encetada. Jovem menino são e salvo…. mas ninguém ganhou para o susto. Recuperou junto de seus familiares. Teria que abandonar o navio e regressar via aérea. As multas já estavam definidas. Ia pagar pelos demônios que se apossaram dele e pelos anjos que o salvaram.

Possession- Le Port et Saint Dennis

Os portugueses foram os primeiros europeus que visitaram esta ilha. Não admira. Era inabitada desde 1513, e apelidaram-na Santa Apolónia. Aqui localiza-se a mais alta montanha de todo o oceano Índico. 3069 metros de pura altitude. Mount Piton Des Neiges. Basta levantar a mão para saudar Deus e Jesus Cristo. Vulcânicas, com dois vulcões ainda activos, Aumenta de cada vez que as larvas fazem-se à superfície. Ao longo da história foi pertencendo a diferentes protectorados, entre Holanda, França e Inglaterra, mas, em definitivo, actualmente, pertence à França e tem a bandeira da França e da União Europeia. Um pouco maior que as Maurícias, as famosas ilhas gêmeas têm 980 milhas quadradas com mais de 40 km de praia. Estas montanhas são pura sedução. Agora, voltamos ao mar puro sem mais ameaças de ciclones e com uma saudade creola de morna e coladeira.

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Onshore

Finalmente, terra firme. Como diz o poeta. “… ao longo da muralha que habitamos há palavras de vida, palavras sem vida. Palavras imensas, que esperam por nós e, outras, frágeis, que deixaram de esperar. Há palavras acesas como barcos e há palavras homens, palavras que guardam o seu segredo e a sua posição! Há palavras diamantes, palavras nunca escritas, palavras impossíveis de escrever!

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Outras maravilhas humanas, Resenhas

Maravilhas Humanas| Artistas inspiradores: Calema, a importância da originalidade

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Imagem fonte: RTP

Ondas. Elas podem ser calmas, melódicas, propícias a embalar. Ou furiosas, absorventes, rápidas a arrasar. Os Calema são uma mistura de ambas as facetas. Talvez por essa razão a dupla de irmãos tenha escolhido este nome, que tão bem os representa. Calema significa isso mesmo “Ondas”. O mais velho chama-se Fradique. É 5 anos mais velho que o outro, António. Nasceram em São Tomé e Príncipe, descendem de cabo-verdianos, portugueses e angolares. Nutriam desde novos uma forte paixão pela música e lançaram o primeiro álbum em 2010. Actualmente são uma das grandes referências e um dos maiores fenómenos musicais em Portugal.

Enquanto António tende a liderar os vocais, ocupando-se do microfone que não deixa antever uma certa sombra de timidez, Fradique interage com o público, lançando toneladas do seu carisma. Ambos têm vozes vibrantes, são humildes, e juntos deixam-nos abismados pelo infinito talento. Mas mais do que talento, na resenha de hoje, um tanto pessoal, gostaria de relembrar o que aprendemos com os Calema. Uma premissa fundamental para o nosso dia a dia: quem define o que somos, somos nós.

Nos concertos a abarrotar por milhares de fãs, Fradique e António fazem a questão de frisar: “a probabilidade de falharmos era de 99%. Mas foi ao 1% de chance que nos agarráramos”.

É verdade. Antes de triunfarem e transformarem o seu conto de fadas em realidade, eles tiveram muitos percalços e alguns nãos. Duros nãos. Em 2013, por exemplo, altura em que ainda não eram tão conhecidos como hoje, subiram ao palco do programa The Voice na França, com os olhos brilhantes de esperança. Cantaram um tema do brasileiro Gustavo Lima. Aliás, a influência da música brasileira no trabalho dos Calema é notável, especialmente em alguns temas dos primeiros dois álbuns (Ni Mondja Anguené e Bomu Kêlê). Há quem diga que foi por terem escolhido a música errada. Seja como for, a verdade é que o jurado do The Voice não apertou o botão. Nenhum deles virou a bendita cadeira. E isso deve ter sido difícil para a dupla. Era como se naquela noite lhes dissessem que não eram bons o suficiente. Sem falar das adversidades que são naturalmente expectáveis para quem escolhe este tipo de percurso.

Mas os irmãos não baixaram a cabeça. E ainda bem que o jurado do The Voice não apertou o botão! As forças do Universo tinham outros planos para os dois rapazes. Eles estavam destinados a fazer algo que mais ninguém no mundo havia feito.

Em 2015, lançavam o segundo álbum Bomu Kêlê. Em português significa Vamos Acreditar. Foi então que começaram a ganhar mais notoriedade. E foi por acaso, nessa altura, que os ouvi pela primeira vez, na rádio. Julguei que fossem bem mais crescidos, por tanta carga emocional e experiência que imprimiam nas suas cancões. Comprei o álbum e de pronto tornei-me fã. Amole Mu tonrou-se tema de inspiração. Sentia um contentamento melancólico ao escutar Coro Coço, dançava (e farto-me de dançar) ao som de Mama Ê, divertia-me com Qual será, e ai de mim não poder assobiar com o Vou viajar. Decidi escrever à dupla, nas redes sociais, contando que tinham uma grande fã em Moçambique. Pela resposta, pareceram positivamente surpresos. Disseram que adoravam o povo moçambicano, agradeceram por acreditar neles e pediram que continuasse a divulgar o seu trabalho junto aos meus amigos, para que mais depressa pudessem vir a Moçambique. Teria o feito na altura (o que agora faço), mas a verdade é que não foi preciso. Depressa os Calema já dominavam as rádios, as colunas das discos e das farras por todo o país. Ficamos a saber que tinham vencido o STP Music Awards de 2015 (gala de música da República de São Tomé e Príncipe) em quatro das cinco categorias.

Bomu Kele album

E que deleite foi poder vê-los em 2017, a actuar na discoteca do Main.

O tempo passou e os Calema continuaram a trabalhar. Veio o álbum A nossa Vez (A.N.V) com temas ligeiramente diferentes dos anteriores, e que depressa tornaram-se espantosamente populares como o Vai, Ciúme, e o próprio A Nossa Vez. O álbum foi certificado com o disco de ouro. E adivinhem o que é que hoje em dia se canta nos palcos dos “the voice” da vida? As músicas dos Calema!

A nossa vez calema

Em Dezembro de 2019, a dupla anunciou o lançamento do seu mais recente trabalho: Yellow. Um dos temas (intitulado “abraços”) já está disponível no youtube (será que se inspiraram na campanha australiana dos abraços?). Mal posso esperar para conhecer este novo trabalho e claro, fazer uma resenha sobre o mesmo. Todavia, é mesmo Bomu Kêlê que ficou no coração e sobre o qual gostaria de repisar. Afinal de contas, sempre que penso em desistir dos meu próprios sonhos, tento lembrar-me destes meninos, que transformaram os nãos que ouviram em alavanca para o seu sonho. O que muito brilhou e os tornou especiais? Julgo que algo um tanto pessoal, frágil, que uns têm, e outros não: a originalidade. Em Bomu Kêlê, os dois irmãos tiveram participação em tudo, desde a composição de todas as músicas, até a produção. “Sinceramente achamos que os são-tomenses e não só, vão adorar. Porque fizemos os possíveis de cantar para o mundo sem no entanto, perdermos a nossa identidade, ou seja a nossa cultura. Nós acreditamos que a música são-tomense bem produzida tanto na vertente letra como também na melodia pode ter sucesso em todo o mundo” (FNAC) disseram eles na altura. Amém à isso.

É fácil vermos artistas, em todas as vertentes, perderem a sua originalidade. Nas demandas do mercado, entram numa louca e desvairada corrida, seja nos palcos, nos meandros literários, na TV ou ou passerelles, para adaptarem-se a um conteúdo mais comercial, mais “trending”, ou mais de acordo com os “standards” de quem os gere. E lá se vai a tal originalidade, sem a qual, o artista passa a ser apenas mais um número popular.

Quando vi o cantor brasileiro Zezé Di Camargo (certamente mais entendido que eu na matéria) partilhando o mesmo palco com os Calema e a pedir-lhes que cantassem o tema coro coço, por ser uma das coisas mais lindas que ele já ouvira até hoje, soube que era infalível. Há alguma magia nesta originalidade a que me refiro e que deve ser preservada.

Que os Calema (e todos artistas no geral) continuem a conquistar o mundo, sem nunca perderem o toque de magia que os impulsiona. E que voltem, muito em breve, aos palcos de Moçambique.

Por Virgília Ferrão

(Da tripulação da Qawwi)

Outras maravilhas humanas

Concursos Literários – Língua Portuguesa

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Caros escritores e amantes da escrita,

Sobre as maravilhas humanas, hoje escolhemos falar de alguns concursos literários (língua portuguesa) com inscrições ainda abertas. Concursos deste género são boas plataformas para alavancar a carreira de um escritor, sem falar do enorme prestígio que dos mesmos advém, não é verdade? Além do mais, através de um concurso literário é sempre mais fácil:

  • Finalizar uma obra (nada mais motivador do que o prazo de um concurso para terminarmos aquele projecto, certo?)
  • Melhorar pela crítica construtiva (alguns júris de concursos dão feedback e é sempre bom usar esta crítica para melhorar o nosso trabalho)
  • Tornar-se um melhor escritor (através da prática constante da escrita)

Dito isto, vamos olhar para alguns concursos literários abertos à inscrição?

  1. Prémio Literário UCCLA (5ª edição)

Promotor: Editora A Bela e o Monstro, Movimento 2014, Câmara Municipal de Lisboa.

Modalidade: Prosa de ficção (romance, novela, conto e crónica)

Elegibilidade: pessoas singulares, de qualquer nacionalidade, fluentes na língua portuguesa.

Prémio: o autor vencedor será convidado a participar no Encontro de Escritores de Língua Portuguesa (EELP), promovido pela UCCLA, com oferta de todas as despesas relacionadas com a deslocação e alojamento durante o mencionado Encontro.

Prazo de submissão: até o dia 31 de Janeiro de 2020, por correio electrónico, para o endereço premioliterario@uccla.pt

Prazo de divulgação de resultados (ou entrega de prémio): 5 de Maio de 2020

Consulte o regulamento em:

https://www.uccla.pt/sites/default/files/regulamento_premio_literario_2019_2020.pdf

2. Prémio Eugénio Lisboa 2019 (3ª Edição)

Promotor: Imprensa Nacional – Casa da Moeda

Modalidade: Prosa

Elegibilidade: todos cidadãos moçambicanos (a residir em Moçambique ou no estrangeiro) ou estrangeiros residentes em Moçambique há pelo menos 10 anos.

Prémio: edição da obra e 5.000 Euros

Prazo de submissão: Entre 1 de Agosto e 27 de Setembro de 2019

Prazo de divulgação de resultados (ou entrega de prémio): 30 de Novembro de 2019

Consulte o regulamento em: https://www.incm.pt/portal/arquivo/el/regulamento.pdf

3. Prémio Literário Fundação Fernando Leite Couto – 2019

Promotor: Fundação Fernando Leite Couto

Modalidade: Poesia

Elegibilidade: autores moçambicanos sem obra publicada ou com apenas uma obra publicada no espaço de dois anos até à data de abertura desta edição do Prémio Literário Fernando Leite Couto

Prémio: edição da obra e 150.000 MT

Prazo de submissão : Entre 20 de Maio a 31 de Agosto de 2019

Prazo de divulgação de resultados (ou entrega de prémio): Dezembro de 2019

Consulte o regulamento em:

http://fflc.org.mz/index.php/por/Destaques/2019/Maio/Premio-Literario-Fernando-Leite-Couto

4. Prémio 10 de Novembro – 2019

Promotor: Conselho Municipal da cidade de Maputo e AEMO

Modalidade: Prosa

Elegibilidade: escritores moçambicanos residentes na cidade de Maputo

Prémio: 100.000 MT

Prazo de submissão : Até 20 de Outubro de 2019

Prazo de divulgação de resultados (ou entrega de prémio): 10 de Novembro de 2019

5. 5ª Edição do Concurso de Tradução Literária (Alusivo ao Dia Internacional da Tradução)

Promotor: Editora Trinta Zero Nove

Modalidade: Traduções de obras literárias (romance, conto, poesia)

Prémio: edição da tradução na coletânea “No Oco do Mundo”; certificado e valores monetários

Prazo de submissão : Entre 29 de Julho a 30 de Agosto de 2019

Prazo de divulgação de resultados (entrega de prémio): 30 de Setembro de2019

Consulte o regulamento em: https://www.facebook.com/editoratrintazeronove/?epa=SEARCH_BOX

6. Edição Do Njinguiritane – Prémio Literário De Contos Infantis (1a Edição)

Promotor: AEMO, Fundação Fé e Cooperação (FEC, INGD) e União Europeia

Modalidade: contos infantis inéditos em língua portuguesa

Elegibilidade: autores com idade entre 10 e 17 anos, em singulares ou grupo de até três

Prémio: livros didácticos e de ficção para os vencedores, no valor monetário equivalente a 21.000,00 MTN (Vinte e um mil meticais),

Prazo de submissão: Entre 6 de Agosto e 26 de Setembro de 2019

 

Leia com atenção os regulamentos e muito boa sorte!