Resenhas

7 passos para superar o fim do relacionamento através da música

O fim ou a perda de qualquer relacionamento humano (amizade, namoro, rompimento familiar) é doloroso. Especialmente quando a pessoa com quem rompemos é importante para nós. Por isso os psicólogos equiparam à uma perda física. É dito, inclusive, que os 5 estágios da perda (negação, negociação, ira, depressão e aceitação) também aplicam-se a um rompimento.

Há quem atravessa esses estágios de uma vez. Há quem o faça aos poucos. Há quem não segue a sequência, e há os mais fortes, que dispensam algumas ou todas essas etapas.

Onde entra a música aqui?

Bom, canções não servem somente para entreter. Elas têm um impacto mais profundo no nosso consciente. Assim é, que na psicologia desenvolveu-se a corrente da musicoterapia.

A resenha de hoje traz temas musicais, que podem servir de terapia no processo do rompimento, caso o seu coração esteja a atravessar uma fase mais cinzenta. Vamos a isso?

Fase 1 – Em buscas de respostas

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A fase mais melancólica e dramática. Não importa se você é homem ou mulher, se foi obrigado(a) a terminar, ou se foi você o largado(a). Nessa altura, é normal buscar-se respostas.  Questionar o porquê do fim. Afinal, a repentina ausência daquela pessoa, dói. Aproveite para escutar as músicas nesta secção. Sinta-se à vontade para gemer na almofada, pois não há vergonha nenhuma nisso. Faz parte do processo.

Where did we go wrong – Toni Braxton e Babyface

Onde é que falhamos? Será que é tudo culpa minha?”

Ilegal – Shakira

Desde que foste embora, ando a roer as unhas. E a fazer-me as mesmas perguntas, de novo e de novo

Fase 2 – Negação

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Imagem: Shutterstock / Antonio Guillem

Claro, tem aqueles momentos em que simplesmente nos recusamos a aceitar que acabou. E agimos como verdadeiros tolos. É normal. E há quem está pior que nós. Escute:

Impossível acreditar que perdi você – Toni Platão

Não, eu não consigo acreditar no que aconteceu. É um sonho meu, nada se acabou. É impossível, não consigo viver sem você. Volte, venha ver, tudo em mim mudou

Fase 3 – Negociação

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E então, caímos na asneira de implorar e tentar negociar. Dizemos que vamos melhorar os nossos defeitos, que vamos abandonar certos hábitos (ao estilo super dramático de Leonardo). Não faça nada disso. O amor não se mendiga. Ninguém muda nem dá nada, se não quiser fazê-lo por iniciativa própria. Portanto, Se for negociar, inspire-se na música abaixo, só e somente se achar que de facto vale a pena lutar por esse amor.

If you leave me now – Chicago

Se me deixares agora, levarás grande parte de mim. Por favor, não vás. Quero que fiques. Um amor como o nosso é difícil de encontrar

Fase 4 – Recaída

A certa altura, um dos dois vai ficar tentado a voltar atrás. Nem que seja apenas para relembrar os velhos tempos. Nesse momento, entra-se numa espécie de limbo. Afinal de contas, a relação terminou, mas vocês continuam a ver-se. Lembre-se apenas de uma coisa: você não nasceu para ser joguete. Grandes são as chances de as coisas continuarem onde estão, ou seja, no término. Para o seu próprio bem, evite as recaídas. Vá mas é sair com amigos, curta aquele futebol, aquele cineminha e quando sentir-se prestes a cair em tentação, dance ao som destas canções:

Dance you off – Benjamim Ingrosso

Quero apenas dançar até esquecer-te. Quero sentir este momento com qualquer outra pessoa, menos tu. E vou conseguir

Call me when you’re sober – Evanescence

Não chores para mim, se me amasses, estarias aqui comigo. Se me queres, vem encontrar-me. Decide-te

Fase 5 – Ira

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O fim de um relacionamento, principalmente se repentino e “injusto”, pode deixar-nos irados. Por tudo o que sofremos, temos todo o direito de nos sentirmos zangados. Liberte a fúria, e grite ao som destas músicas:

Love yourself – Justin Bibier

Tenho estado tão concentrado no trabalho que nem me apercebi do que estava a acontecer. A verdade é que durmo melhor sozinho

Irreplaceable – Beyoncé

Não vou derramar uma lágrima por ti. Nem perder uma sequer noite. Porque na verdade o que impora é que substituir-te é muito fácil

Never ever – Taylor Swift

Nós nunca, nunca, jamais, voltaremos a estar juntos

Enquanto eu brindo cê chora – Bruno e Marrone

Enquanto eu brindo ‘cê chora. Porquê não levanta da mesa tem táxi lá fora? Você se achava perfeita, insubstituível. Te ver desse jeito chorando era tão previsível

Fase 6 – Aceitação

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Source: Image Source/Dan Bannister / Getty

Depois do momento da ira, começamos a aceitar a realidade. Acabou. É normal sentir saudades. Ainda assim, somos capazes de compreender que a dor aos poucos passará. Há que ter paciência e ser gentis connosco mesmos.

 Better in time – Leona Lewis

Com o tempo, vai melhorar

Sleeping with a broke heart – Alicia Keys

Esta noite vou encontrar uma forma de seguir sem ti

Fase 7 – caminho da esperança e rumo ao futuro

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Imagem: Pinterest – in Breath Travel

E então, chega a fase em que você volta a sentir-se forte, de bem com a vida, cheio(a) de esperança. Celebre a vitória do coração sarado ao som destas músicas:

Survivor – Destiny Child

“Sou uma sobrevivente, não vou desistir, continuarei a sobreviver”

I’m still standing – Elton John

“Continuo em pé. Bem melhor que antes”

I’m still breating – Toni Braxton

“Achaste que o meu mundo ia acabar, no momento em que saíste por aquela porta? Não, não eu. Ainda estou a respirar”

A canção campeã…

Afinal de contas, o mais importante, antes de tudo e de qualquer coisa, é sabermos ser felizes, perfeitamente sós. Procede?

Perfeclty lonely – John Mayer

Nada por fazer. Ninguém senão eu próprio. E é tudo o que eu preciso. Estou perfeitamente só. E é desse jeito que quero estar

Outras dicas:

Quando estiver triste por causa de um rompimento, tente fazer coisas que o animem. Não remoa o assunto. Foque-se em si, viaje bastante, esteja com amigos(as), divirta-se, e sobretudo, ame-se muito. Não se agarre ao passado, nem se deixe levar pelo pensamento de que você fez algo de errado. Se terminou, talvez, simplesmente, não fosse para ser.

Desabafo de uma qawwi, Resenhas

#26|Quero o divórcio (essa faca de dois gumes)

Fonte imagem: istock

Apareceu à minha porta sem avisar. Trazia um ramalhete de flores. Mas a visão não me agradou. Evocou-me antes, a memória do beijo. E de repente desejei que tanto ele como Fatinha tivessem os seus corações violentamente quebrados. Queria que Will estivesse tão miserável quanto parecia. Que se arrependesse por ter destruído a nossa união. Confesso que odiava-me sentir-me daquele jeito. Mas sentia. Era o que eu era, a minha nova entidade. E essa nova entidade, raivosa como um bicho ferido, fez-me fechar-lhe a porta na cara. Na verdade, só tinha aceite dar-lhe o meu endereço porque queria continuar perto de Érica.

– Não vou embora sem falar contigo, Linan! – os golpes na porta permaneciam altos.

Respirei fundo. Tentei abafar os meus gemidos, a angústia agressiva, os ciúmes insuportáveis. Se por um lado não me lembrava de ter experimentado tais sentimentos enquanto qawwi, na condição de humana parecia que neles naufragava.

– Sê breve – pedi num fio de voz, deixando-o entrar. Ao inalar o aroma das flores, espirrei.

– Meu Deus – admirou-se Will ao notar a reacção – São as tuas favoritas!

Para mim também era novidade. A humana em mim era alérgica a antúrios. Peguei no ramalhete e atirei no balde de lixo, sem um pingo de remorsso. Will apenas seguiu-me silencioso.

– Eu amo-te, Linan.

Operou-se uma confusão instantânea na minha mente. Voltei-me bruscamente.

– Não foi um beijo aquilo que vi entre ti e a Fatinha?

O rosto dele voltou-se para baixo.

– Sim, mas…

– Fizeste amor com ela?

O gargalo de Will inchou enquanto claramente engolia uma resposta azeda.

– Não é como estás a pensar, Linan.

-Ah não? Como podes alegar amar-me e ao mesmo tempo fazer amor com ela? Elucida-me, por favor – empurrei a mão dele. O toque não ia aclarar as ideias. Precisava de algo mais forte que isso.

– Em primeiro lugar, tu não estavas aqui!

Fiquei perplexa. Morrendo de overdose daquela ideia estapafúrdia.

– Ah! Então quando nos ausentamos, ausenta-se também o amor?

Will ficou lívido. Parecia tão incrédulo e surpreso quanto eu.

– Nunca deixei de amar-te. Tu é que me abandonaste! Trouxeste a nossa filha de volta, e de seguida sumiste. Eu vi! Deste as mãos a Vallen, de livre vontade, e evaporaste. Sem um único adeus. Dois anos. E eu sem saber se estavas morta, ou se de repente tinhas saído deste planeta. O teu telemóvel, entretanto, chamava. A secretária electrónica às vezes era de França. Outras, de Cabo Verde. Tailândia. Bora Bora. E a última vez, de Sydney. E tu nunca. Nunca deste um sinal, nunca respondeste às minhas mensagens!

– Porra Will, foi por vocês! Para proteger-te, para proteger a Érica! Eu não podia entrar em contacto pois estava a fingir ter deixado tudo para trás. Era a única forma que tinha para poder voltar para vocês.

– Para mim não foi fingimento. Despedaçaste-me por inteiro, Linan. Fatinha só chegou tão perto, porque também estava arrasada e tentava convencer-me de que ia tudo ficar bem. Ela ajudou-me a cuidar de Érica, mas não era…

– Era a minha melhor amiga. E tu a puseste no meu lugar. Foi isso.

Will calou-se. Sacudiu os ombros.

– Lamento imensamente que estejas a ver assim. Eu não estou com ela. Nunca faria isso. Queria apenas que entendesses que nos últimos meses… a minha cabeça estava em todos os lugares. Não fazes ideia!

– Tu também não! – Naquele instante os nossos corpos estavam muito próximos, mas os corações, distantes como o sol e o mar. Por isso gritavamos para que nos ouvissemos – não fazes ideia do quanto perdi para poder voltar para ti!

– Desculpa – os olhos de Will escureceram – Ao contrário de ti, sou humano. O meu corpo está sujeito a essa condição, e às vezes comete atrocidades. Mas o meu coração é e sempre foi teu.

Desejei ardentemente que nem eu, nem ele, fossemos humanos. Que soubéssemos ser unidos de corpo, alma e coração. A dissociação havia nos estilhaçado. E no reflexo dos escombros, brilhavam as nossas falhas. O coração, sem o corpo, é uma cegueira. E o corpo sem coração, é uma mutilação. Não havia metáfora possível para suavizar a realidade.

– Por favor – Will engolia as lágrimas – por favor – repetia consecutivamente – perdoa-me e deixa-me explicar.

– Escuta Will, não condeno-te por teres colocado a minha melhor amiga no meu lugar, ou por teres sido um idiota ao duvidar que eu iria cumprir a minha promessa. Tão pouco por teres esquecido que eu amava-te infinitamente. E sim, aceito as tuas desculpas.

Ele tremia quando perguntou muito baixo:

– Aceitas, mas não vais voltar para mim, é isso?

Reflecti durante alguns segundos. Ele estava correcto.

– Exacto, não vou voltar. Voltar para ti agora significaria desrespeitar os meus sentimentos. Ir contra mim mesma. Estou cansada disso e sinceramente, preciso ser mais benevolente comigo mesma.

– Algo em ti, mudou, meu amor.

– É o que acontece, Will. O universo muda constantemente.

Não tinha vontade de confessar que agora era humana. Que sacrificara os meus poderes, a minha essência, por ele. Uma força amarga e poderosa dentro de mim impedia-me disso.

– E pretendes abandonar-nos de novo? Vais teletransportar-te e sumir pelo mundo? E a nossa filha?

Suspirei. Até há pouco não me imaginava a fazer aquilo sem ele. A ser humana. Mas agora compreendia. Era uma jornada exclusivamente minha. Enfrentar os medos, a solidão, é o que faz de nós, nós. Precisava de um tempo sozinha, para entender-me comigo própria.

– Ouve-me com atenção, Will. jamais abandonarei a Érica, não tens de preocupar com isso. Mas o que quero agora é estar só.

– Percebo – Ele tentou aproximar-me, mas ao ver-me retesar, retrocedeu – ainda tenho fé no nosso casamento. Vou dar-te espaço, até que estejas pronta para perdoar-me.

– Acerca disso – rodei o anel no dedo – eu quero aquela coisa.

Ele franziu as sombras.

– Não sei se compreendo.

– Quero aquela coisa Will – retirei o anel, ao mesmo tempo que tentava desesperadamente recordar-me do termo certo – o divórcio. Eu quero o divórcio.