Cinema (Filmes / Séries), Opiniões, Resenhas

Cinema | Bandersnatch – assista, mas com cautela | Opinião

 

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Título: Banrdersnatch

Direcção: David Slade

Elenco Principal: Fionn Whitehead; Will Poulter; Asim Chaundhry; Craig Parkinson; Género: Ficção interativa

Ano: 2018

 

Imagem via Netflix

Sinopse:

No ano de 1984, um jovem problemático começa a questionar a realidade ao seu redor, à medida em que tenta adaptar um livro para vídeo game, e começa a enfrentar questões perturbadoras.

Opinião:

O entusiasmo foi enorme quando a Netflix divulgou o trailer de Bandersnatch em finais de Dezembro de 2018, um filme baseado na série Black Mirror. A película começa com uma breve explicação ao telespectador, de que este terá 10 segundos para tomar decisões ao longo do filme, findo o qual, será feita uma decisão aleatória em seu lugar. Após este estimulante introdutório, seguimos a história de Stefan, um jovem programador que está a tentar adaptar um livro-jogo chamado Bandersnatch, para um vídeo-game. E vamos fazendo escolhas em nome do protagonista.

O percurso do longa é de cerca de 90 minutos, que pode, entretantoo, variar dependendo das decisões que o telespectador toma, com diferentes resultados. Apesar deste enigmático conceito, onde um filme torna-se vídeo-game e vice-versa, sentimos que Bandersntach caí num limbo, sem chegar necessariamente a ser um filme, nem um video game. Uma imprecisão que não retira a inovação da proposta. Aliás, a ideia de misturar os dois elementos e de envolver o telespectador num papel de um ente superior, lidando com temas como destino vs livre arbítrio, é fantástica.

Para quem, contudo, esperava sentir-se, digamos, desafiado (coisa facilmente de acontecer com Black Mirror) pode ficar desapontado, já que esta é uma proposta muito mais suave que o habitual. Por certo, Black Mirror conseguiu distanciar-se do que era previsível.

Recomedamos, entretanto, toda a cauetla nas respostas que você, como telespectador, vai dar durante o filme. Muitas das perguntas que são feitas têm um cunho ético e mesmo que seja para efeitos de mero entretenimento, a Netflix terá acesso as respostas dos telespectadores e ao perfil dos mesmos. Não queremos por descuido, deixar o rastro de um perfil de “psicopata” na base de dados da Netflix, pois não?

Tirando este senão, é uma experiência aceitável, e foi um bom presente da Netflix para os amantes de Black Mirror que encerraram 2018, na grande expectativa do que 2019 trará para esta série.

A nossa pontuação: 3.0 em 5 estrelas.

Confira o trailer:

https://www.youtube.com/watch?v=XM0xWpBYlNM

Lançamentos!, Livros, Opiniões

Meu chefe, meu pecado

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Autora: Karina Jamal

Edição: 2018

Real Design

 

 

 

 

O convite para o lançamento desta obra circulou muito nas redes sociais. Tanto, que acabou atraindo a nossa atenção, pese embora nunca tivéssemos ouvido falar da autora. Para começar, gostaríamos de dar os parabens a Karina Jamal, por escolher, entre tantos hobbies e desafios, este que é dos mais exigentes e só persiste por genuína paixão: a escrita. Felicitamos a autora não só por escrever, mas também pela coragem de lançar a obra de forma independente, num mercado editorial de natureza complexo (mas também, o que é que não é complexo?). Para nós do diário de uma qawwi, todos que trilham por este caminho merecem a nossa atenção e admiração.

Com relação ao livro: o romance é ambientado em Maputo e traz a história de uma jovem secretária que apaixona-se pelo chefe e envolve-se com este, num relacionamento secreto e um pouco, digamos, desiquilibrado. O título, típico das fan fictions abundantes no Wattpad e outras plataformas do género, já dava esses indícios. Por falar em fan fiction, é mesmo essa impressão que dá meu chefe meu pecado: de estar na trilha de 50 sombras de Grey. Não lemos o Grey. Mas sabemos que a legião de fãs discute alguns valores morais na referida obra. De igual forma, nós também questionamos a protagonista que Karina oferece, a qual desconstrói a noção de independência emocional da mulher. Ou do ser humano no geral, se assim quiserem. Por outro lado, encontramos no par da protagonista, um protótipo cada vez mais típico na sociedade masculina, pelo que, é um tipo de personagem facilmente de reconhecer entre nós. Seja como for, há muitos apreciadores deste gênero, razão pela qual, esta obra, poderia, por ventura, encontrar um apreciável nicho no mercado.

Todavia, não é só de história que vive a narrativa. Se a autora trouxe uma história de pecados no ofício, nesta resenha gostaríamos de falar de alguns pecados na escrita.

O mercado editorial de hoje tem outra face. Aspirantes a escritores já não precisam de levar com portas na cara, de editoras que só apostam em autores que enquadram-se nas suas directrizes. A possibilidade da auto publicação nunca esteve tão mais disponível quanto na actualidade. Grandes autores, como John Grisham, por exemplo, começaram assim a sua carreira.

É certo, porém, que o escritor que sai pela chancela de uma editora tem mais ajuda e facilidade para fazer chegar um maior número de obras ao público, e consequentemente, estar mais propenso a atingir o sucesso. O que não significa que um autor independente não possa igualar.

O que há então de comum entre estes escritores? Ambos seguem algumas regras básicas. Leitura como ferramenta de trabalho diária, e revisão na construção do texto. Por melhor que o escritor seja, é aconselhável solicitar, sempre, a revisão de um terceiro. Reparem que, mesmo após muita revisão, escapa sempre um ou outro erro. Que dirá na total ausência? A autora de meu chefe meu pecado, desculpou-se na nota, pelos eventuais erros de revisão, visto que ela própria encarregou-se desta actividade. Efectivamente, os olhos de um escritor estão tão habituados à sua obra, que não detectam as falhas, as quais podem, por fim, comprometer bastante a leitura.

A capa é sugestiva, mas a diagramação e a paginação podiam ser melhores. Fora isto, temos fé que a manter-se a paixão de Karina, e se ela aplicar melhor as ferramentas apropriadas, poderá vir a contribuir para este género no mercado editorial.

Cinema (Filmes / Séries), Opiniões, Resenhas

Cinema | 5 séries difíceis de não fazer bing watching

Cinema | 5 séries difíceis de não fazer bing watching

Tudo em excesso faz mal, diz o ditado, mas quem é que não cai na tentação do bing watching (maratona de TV) quando trata-se de séries infalivelmente viciantes? Especialmente num feriado ou fim de semana mais sossegado? Não há pecado (tão grande) nisso. Se você é fã de séries com suspense e “plot twists” inimagináveis, do género que quase leva ao ataque cardíaco, então não pode perder estas séries. Vai ser um episódio atrás do outro, sem remorso.

Confira:

How to get away with murder (BR como defender um assassino)

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Desde 2014 / 43 minutos / Drama legal, mistério

Produtor executivo: Shonda Rhimes

Idioma: inglês

A série revolve a volta de Annalise Keating, uma célebre advogada de direito penal que também dá aulas. Annalise selecciona cinco dos seus melhores alunos para trabalharem com ela no seu escritório e cedo, sem querer, todos eles vêem-se envolvidos numa trama de assassinatos. Uma série com ganchos muito bem conseguidos e bastante imprevisível. De cortar a respiração. Confira o trailer:

 

3 Por cento (BR)

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Desde 2014 / 38-49 minutos / Drama / Thriller / Ficção cientifica

Autor: Pedro Aguilera

Idioma: Português

Ficção científica brasileira, esta série é retratada num mundo pós apocalíptico, onde o planeta terra está devastado. A população encontra-se dividida em dois mundos: os do Continente (do lado de cá), um lugar degradado e sem recursos, e os do Maralato (do lado de lá), praticamente um paraíso, com abundância de recursos. O sonho de todos os habitantes do lado de cá é ir ao lado de lá. Para tal, existe apenas uma chance: aos 20 de idade, participar do “Processo”, que é a selecção dos que vão passar ao lado de lá. E só serão seleccionados apenas 3% da população. Uma série provocante e inteligente, que apesar de lembrar distopias como hunger games e divergentes, consegue ir bem mais além. O trailer fala por si:

 

Sense 8

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2015-2018 / 46 – 151 minutos / Ficção científica, drama

Autores: The Wachowskis; J. Michael Straczynski

Idioma: inglês

Sense 8 apresenta um conceito distinto do habitual. A história revolve a volta de oito desconhecidos, cada um a morar num continente diferente. Estas pessoas, de repente, ao mesmo tempo, tem uma visão violenta de uma mulher a morrer. Depois desta visão, elas descobrem que estão mentalmente e emocionalmente ligadas uma à outra. É o dom dos chamados “sensates”, e é esse mesmo dom que eventualmente os coloca em perigo,  na mira de “whispers”, um perigoso caçador de “sensates”. Se você gosta de conceitos inovadores, conhecer culturas e de temas novos, vai adorar esta série. Confira o trailer:

 

 

Black Mirror

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Desde 2011 / 41-89 minutos / Ficção cientifica, sátira

Produtor executivo: Charlie Brooker

Idioma: inglês

Black mirror é uma série de ficção científica que gira a volta de temas obscuros sobre a sociedade moderna e as consequências imprevistas das novas tecnologias. Trata-se de uma antologia, com episódios autônomos. É uma série que vai levar os seus neurónios ao extremo. De tão intensa e perturbadora, apesar de viciante, o melhor é não fazer longas maratonas desta série, sob pena de ficar com o sono perturbado.

Trailer:

 

La casa de papel (EN Money Heist / PT A casa de papel)

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2017 / 43 minutos / Drama, Suspense, assalto

Autor: Alex Pina

Idioma: Espanhol

Por unanimidade, os tripulantes do diário da qawwi elegeram esta como uma das melhores séries exibidas pela Netflix e quiçá da televisão. Um homem misterioso (o “professor”), planeia durante grande parte da sua vida um assalto na casa de moeda de Espanha. Para executar o plano, recruta oito pessoas que não tem nada a perder. O objectivo do professor é ter a opinião pública a seu favor. E será que você telespectador, vai apoiar a façanha destes ladrões? Simplesmente brilhante.

Trailer:

Imagens via ABC e Netflix

Cinema (Filmes / Séries)

Cinema | When the Bough Breaks – o filme que não consegue quebrar as expectativas| Opinião

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Direcção: Jon Cassar

Elenco Principal: Morris Chestnut, Regina Hall e Jaz Sinclair

Género: Drama

Ano: 2016

Imagens via comingsoon.net

O filme foi produzido pela Unique Productions e distribuído pela Screen Gems, mas pode ser encontrado no leque de propostas da Netflix. Com uma capa e título tão sugestivos, não sabemos por onde começar a opinar sobre a realidade deste decepcionante projecto. When the bough breaks conta a história de Laura (Regina Hall) e John (Morris Chestnut), um casal rico que infelizmente não consegue realizar o sonho de conceber um filho. Recorrendo ao último embrião que lhes resta, conseguem finalmente encontrar, através de uma agência, uma barriga de aluguer para o seu filho: Anna Walsh (Jaz Sinclair) uma jovem simpática, meiga, atraente e cheia de boas intenções.

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Depressa o casal convida a moça para morar com eles durante o período da gestação. Algo que logo a primeira desperta-nos um certo sentido de perigo, pois levar uma estranha para casa (pelo menos nos filmes), equivale a pedir sarilhos. Com efeito, Ana Walsh revela-se não ser tão estável nem tão inocente quanto parecia.

Este filme usa uma fórmula antiga (obsessão e afins) mas nada faz para acrescentar um diferencial que compense os cerca de 107 minutos cheios de treta. Como resultado, temos uma trama aborrecidamente previsível. Todos os “red flags” são praticamente atirados nos primeiros minutos da trama, mas mesmo assim, os protagonistas acabam envolvendo-se naquilo que torna-se o seu pior pesadelo. Para o telespectador, entretanto, o suspense é praticamente inexistente. Para que o roteiro funcione, a história obriga a que os personagens alterem o seu carácter e sejam inconsistentes. John, exemplo, o esposo exemplar, atento e esperto, começa a tomar decisões incrivelmente tolas nas horas mais importantes. Ou seja, os personagens não desenvolvem, nem movem a história. É ao contrário: a história sacrifica os personagens.

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Assim, nem o charme de Morris, a beleza de Sinclair ou o carisma de Hall salvam esta película. Certamente pretendeu-se passar aqui algumas boas lições, que até podem ser óbvias, mas ao usar este tipo de conceito, a indústria cinematográfica devia ter o cuidado de reformular e fazer sobressair os valores que realmente importam, de forma original, sob o risco de fracassar.

Confira o trailer o filme:

A nossa classificação: 2 de 5 estrelas

Cinema (Filmes / Séries), Opiniões

Cinema | 5 Filmes para assistir neste natal|

O famoso natal está às portas! Já percebemos que esta época é bastante apreciada pelos humanos, especialmente as crianças que entusiasmam-se com os presentes. Para uns, tal como a nossa qawwi, o natal é um conceito muito estranho. Para os religiosos, é dia de celebração do nascimento de Jesus Cristo e para outros, é apenas mais um dia. Seja como for, estabelecem-se certas rotinas para esta época, incluindo a ceia de natal, o convívio em família ou maratonas de filmes adequados à ocasião. Neste post, seleccionamos 5 filmes para o acompanharem, seja por ser uma tradição que você adoptou ao longo dos anos, ou simplesmente pelo facto de sentir-se entediado e precisar de entretimento para ajudar a passar as horas.

Vamos conferir?

5. A Christmas Prince (Um príncipe de Natal) – 2017

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Imagem via Netflix

Alguns filmes natalícios da Netflix são um bocado (para não dizer muito) estereotipados, mas este tem um toque suave e romântico, próprio para quem busca inspiração no amor, em histórias mais cor de rosas (quase possíveis, se nos lembrarmos do príncipe Harry e de Meghan Markle). Bom para assistir em família. Se quiser, pode fazer a ligação com a sequela do mesmo, lançada em Novembro deste ano. Confira o trailer:

  1. Love actually (O amor acontece) – 2003

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Imagem via The Independent

Não sabemos o que mais gostamos neste filme: Colin Firth a falar português, o charmoso silêncio de Rodrigo Santoro, ou a versão natalícia de “love is all around you”. O certo é que o elenco de luxo e as histórias das personagens que cruzam-se ao longo da trama vão com certeza derreter-lhe o coração. Clássico imortal definitivamente recomendável.

  1. 13 going on 30 (De repente nos 30) – 2004

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E já que a ideia é entrar na onda nostálgica de voltar a sentir-se criança, nada como esta deliciosa comédia com a Jennifer Garner e o Mark Ruffalo. Os dois estão muito queridos neste clássico que não cansa, e que faz-nos repensar nos valores da amizade e do amor, e sobretudo de como é importante dar valor à cada fase da vida. Amantes de boa música dos anos 80 vão adorar a trilha sonora deste filme. “Because its thriller…”

 

 

  1. Christmas Calendar (Calendário de Natal) – 2018

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O filme foi lançado pela Netflix no mês passado, e não tem grandes movimentações, mas os fãs de Kat Graham (Bonnie – Vampire diaires), vão gostar a vê-la ao lado Quincy Brown. Fazem um bonito par, num cenário onde tudo parece perfeito demais para ser credível. Todavia, a película tem cores apelativas, e um enredo próprio para incentivar a nunca desistirmos dos nossos sonhos. A magia acontece, se dermos uma ajuda ao nosso próprio destino.

 

 

  1. The Holiday (O amor não tira férias) – 2006

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Além de ser uma trama super adequada à época, este filme é óptimo para ajudar a dar uma outra perspectiva para aqueles que estão com o coração partido. Que outra forma de começar o ano, senão com esperanças renovadas no amor?

Livros, Opiniões, Resenhas

Literatura –|Risco calculado de “Robin Cook”| – Opinião

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Autor: Robin Cook

Edição: 1995

Editora: Publicações Europa-América; BR – Editora Record

Compre em Wook

 

Sinopse:

 “Quando o neurocientista Edward Armstrong começa a sair com Kimberley Stewart, descendente de uma mulher que foi enforcada na época do julgamento das bruxas de Salem, aproveita a oportunidade para investigar uma das suas teorias preferidas: que o “demónio” em Salem em 1692 tinha sido uma droga alucinogénia consumida involuntariamente num cereal com fungos. Numa tentativa de demonstrar a sua teoria, Edward cultiva o tal fungo a partir de amostras colhidas na propriedade dos Stewart. Numa brilhante transformação do fármaco produzido artificialmente, o veneno torna-se no Ultra, um antidepressivo com capacidades terapêuticas verdadeiramente notáveis. Neste perturbante livro, Robin Cook criou mais uma fascinante história de suspense médico, em que se entrecruzam a ganância, o abandono da ética e a louca ambição.”

Opinião:

Robin Cook é um dos nossos autores favoritos. Alguns membros do nosso blog de vez em quando gostam de rabiscar histórias e uma das influências para isso, é o Sr. Robin Cook. Critérios para dizer se um livro é bom ou mau são subjectivos. Todavia, há sempre aquele que consegue fazer do leitor o próprio personagem. Que nos envolve com o aroma de pão a ser assado no forno, ou faz-nos sentir o terrivel frio no meio da neve. Obras assim tornam-se inesquecíveis. Risco calculado é uma dessas obras. O romance prendeu a nossa atenção desde o início, e foi uma das leituras mais agradáveis de sempre. O livro é dividido em duas épocas: a primeira, da inquisição e caça às bruxas (séculos XVI a XVIII), e a segunda, da modernização, onde a ciência evolui e domina a curiosidade do homem. Ao contrário do que pode parecer pela sinopse, o livro não trata de assuntos sobrenaturais. Quando muito, discute as implicações de algumas crenças e o impacto destas no nosso quotidiano. Como em muitas de outras obras suas, Robin Cook aborda o mundo da ciência e da ética. O autor explora também a dependência e a insegurança pessoal, mostrando até que ponto a ambição consegue quebrar o mais firme dos carácteres. Os personagens são honestos e credíveis, com óptimo desenvolvimento psicológico e uma larga dose de humor. A narrativa de Cook é normalmente preenchida por alguns termos técnicos um pouco complicados para quem não é da área, mas nada como um bom desafio não é verdade? É definitivamente um livro a apostar para quem gosta de um thriller.

Sobre o autor: “Médico e escritor, Robin Cook é largamente creditado como o introdutor do termo “médico” como um gênero literário. Por isso, 20 anos depois do lançamento de seu primeiro livro, “Coma”, ele continua a dominar a categoria que ele mesmo criou. Em cada uma de suas obras, Robin Cook busca escrever sobre os bastidores da prática médica actual. Explorou, entre outras coisas, a doação de órgãos, engenharia genética, a fecundação in vitro, pesquisas sobre drogas e transplantes de órgãos”.

A nossa pontuação: 5 em 5 estrelas.

Livros, Resenhas

Literatura – | Recados da Alma de “Bento Baloi” | – Opinião

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Título: Recados da Alma

Autor: Bento Baloi

Editora: Fundação Fernando Leite Couto (Moçambique); Ideia Fixa (Portugal)

Compre aqui: Wook

Sinopse:

Um jovem jornalista recebe papéis de um velho comerciante durante a cobertura à operação de salvamento de vítimas das cheias do vale do rio Save. Durante a leitura, o jornalista descobre nos papéis já amarelecidos autênticos retratos de várias vidas: o ambiente agitado de Lourenço Marques; o calor suburbano ao redor; a electrizante dinâmica dos bailes nocturnos (dos juke boxes aos gira-discos de 45 rotações).

Os terríveis «mabandido» estão à solta semeando pânico: «você é mufana de quem?» – perguntam. Há troca de mensagens subversivas. Fala-se à boca pequena dos rapazes de Mondlane e Machel. Do futuro. Mafalda e Eugénio revelam o seu amor num golpe inesperado, que acaba transformando as suas vidas no frenesim do 7 de Setembro e 21 de Outubro. Almas estilhaçam-se e espalham-se pela metrópole. Há revelações surpreendentes. A deusa «Afrodite» conspirará a favor? Ou será que o vaticínio da velha «nyamussoro» de Homoíne sobre o espírito dos brancos concretizar-se-á? A luta continua! É a palavra de ordem que atravessa o tempo.

Opinião:

Disse o escritor Luiz Ruffato numa ocasião, que começar uma leitura é como iniciar uma jornada por uma caverna escura. Ao fim da jornada, regressando à luz, somos uma pessoa diferente da que entrou na caverna. É isso que acontece-nos ao passear por “Recados da Alma”: uma experiência transformadora.

Com uma escrita leve e primorosa, o autor ambientou este romance de época / histórico, em Moçambique e em Portugal, e como pano de fundo usou a história de amor entre Mafalda e Eugénio. A tentativa de enlace  desenrola-se a meio de preconceitos sociais, na difícil época de transição do colonialismo à independência em Moçambique. Mas Recados da Alma não é, nem de longe, apenas uma história de amor. São recados de vozes de vários fragmentos num vasto horizonte temporal, que marcam a realidade do povo moçambicano e do povo português. São histórias do quotidiano, tão verdadeiras e tão intrinsecamente ligadas a nós, que fascinam e vão fascinar leitores de todas as gerações. Não poderia haver forma mais agradável de compreender o passado e o presente destes dois países: com um nível de detalhe aprofundado e rigor na pesquisa, o autor relata factos reais em forma de episódios emotivos, ligeiros, às vezes cómicos e outras vezes dramáticos, tão arrebatadores que fazem-nos devorar as páginas de um só fôlego. Todos os personagens são memoráveis. Aliás, é através de personagens equilibradas e amorosas como Eugénio e Simões, ou então de outras verdadeiramente tridimensionais como Zé Mundoni, Lopes, Original e a própria Mafalda, que o narrador mostra-nos que os desafios para uma melhor condição humana, passam pela tolerância, amor, pontes, alianças e amizade. Entre pessoas, entre países.

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A diagramação e a paginação da obra estão impecáveis. Graças a um excelente trabalho a este nível, é bastante fácil detectar a mudança de vozes/ pontos de vista, dos diferentes narradores. Num primeiro olhar, a capa não parece falar tão claramente sobre o género apresentado, mas ao longo da leitura, as razões para a escolha tornam-se bastante óbvias.

Então já sabem, recomendamos vivamente a leitura desta obra, que consideramos um grande triunfo da literatura moçambicana. Abra o seu coração e embarque numa inesquecível viagem, com os mabandido, os dragões da morte, os regressados, os amantes Eugénio e Mafalda, e os seus deuses africanos e europeus. Se por ventura este livro for adaptado ao cinema (tem toda a pinta para isso), será certamente a vivas cores. E como realça o misterioso narrador Castro, o amor permanecerá, “numa simbiose de almas em que a história escrever-se-á a preto e branco”.

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 Sobre o autor: Bento Baloi nasceu em 1968 no Vieira, um bairro de lata dos subúrbios da cidade de Maputo. É jornalista há 30 anos. Fez iniciação literária escrevendo contos e poemas publicados em páginas de especialidade de revistas e jornais moçambicanos. Dedicou parte significativa da sua carreira ao teatro escrevendo, dirigindo e interpretando papéis em peças, tanto de palco como de rádio. São da sua autoria as peças de teatro «Lágrimas»; «Grito Humano»; «Adão e Eva, Ámen»; «Alarme»; «Katina P, o Flagelo», entre outras. Escreveu os bailados «O Filho do Povo» e «Raízes e Percursos», encenados pela diva da coreografia moçambicana, Pérola Jaime. «Recados da Alma» é o seu romance de estreia e foi publicado pela primeira vez, em Moçambique pela Fundação Fernando Leite Couto, em Novembro de 2016.

A nossa pontuação: 5 em 5 estrelas.

(por VF – da tripulação)

Cinema (Filmes / Séries), Opiniões, Resenhas

Cinema |Especial Halloween: 5 Filmes para arrepiar os amantes do terror|

Especial Halloween

O Halloween (ou “dia das bruxas”) é uma celebração muito popular nos Estados Unidos da América, que entretanto alastrou-se para vários outros países. Entre as actividades do Halloween, as mais populares pelo mundo são as festas de fantasia, jogos, histórias, comidas com temas assustadores, e claro, maratonas de bons filmes de terror. Pensando nos amantes do Halloween e nos apaixonados por uma boa película de terror, o diário de uma qawwis reuniu nesta lista 5 incríveis filmes que tem tudo para arrepiar dos pés a cabeça nesta enigmática época do Halloween. Confira a lista:

  1. The Conjuring (A Invocação do mal) – 2013

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Sinopse:

“Os investigadores paranormais Ed e Lorraine Warren trabalham para ajudar a família aterrorizada por uma entidade demoníaca em sua fazenda.”

 

 

 

 

O que há de assustador neste filme: a película é baseada em eventos reais e envolve demónios (haja coragem para enfrentar a trama). Cuidado, não vá depois pensar que os demónios estão debaixo da sua cama.

  1. Sinister (A entidade) – 2012

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 Sinopse:

“Ellison (Ethan Hawke), é um escritor que acaba de se mudar com a família. No sótão da nova casa ele descobre antigos rolos de filme, que trazem pessoas sendo assassinadas misteriosamente. Intrigado com o que eles representam, ele decide investigar os assassinatos, mas não sabia que estava colocando sua própria família em perigo.”

 

 O que há de assustador neste filme: depois deste filme, diremos adeus à “ambição” e passaremos a entender muito melhor o significado do ditado “a curiosidade matou o gato”.

  1. It (A coisa) – 2017

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Sinopse:

“It começa com o assassinato de uma criança, Georgie Denbrough, no bueiro local durante uma tempestade, na pequena cidade de Derry. No verão de 1989, o irmão mais velho de Georgie, Bill Denbrough, e seu grupo de amigos, denominado de clube dos perdedores (Losers Club), por serem crianças fora dos padrões, e que sofrem bullying, começam uma busca pelo assassino, descobrindo que o assassinato foi cometido por uma entidade do mal; Pennywise, uma criatura metamorfa, eventualmente transformada em palhaço, que está se alimentando do medo das crianças. Então Bill e o clube dos perdedores decidem enfrentar a criatura e colocar um fim nos assassinatos das crianças.”

O que há de assustador neste filme: Depois deste filme (baseado no livro de Stephen King) as chances de você adquirir uma fobia por palhaços não são nada remotas. Ademais, a premissa de que a única forma de sobreviver é não ter medo, é exactamente o que assusta.

  1. The Exorcist (O Exorcista) – 1977

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Sinopse:

“Uma actriz vai gradativamente tomando consciência de que a sua filha de doze anos está tendo um comportamento completamente assustador. Deste modo, ela pede ajuda a um padre, que também é um psiquiatra, e este chega a conclusão de que a garota está possuída pelo demônio. Ele solicita então a ajuda de um segundo sacerdote, especialista em exorcismo, para tentar livrar a menina desta terrível possessão.”

O que há de assustador neste filme: incontestável clássico do terror, este filme não perde a majestade quando se trata de arrancar os gritos de susto. Ainda por cima, dizem que após produção, o filme trouxe muitas maldições ao envolvidos. Mais arrepiante que isso, impossível.

  1. The Skeleton Key (A Chave) – 2005

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Sinopse:

“Caroline Ellis, uma enfermeira cansada de presenciar a morte  de tantas pessoas, deixa seu emprego num hospital para ser “babá” de Ben, um homem que sofreu um derrame, marido da rude senhora Violet Deveraux, que no primeiro dia de trabalho entrega a Caroline uma chave capaz de abrir todas as portas de sua enorme e horripilante casa. Com o passar do tempo, além de proibições misteriosas, a jovem ali depara-se também com sombrios segredos que ameaçam sua vida e suas crenças.”

 O que há de assustador neste filme: o desenrolar da trama pode até ser bem mais leve em comparação aos outros filmes aqui listados, mas o final macabro e surpreendente é que levam-no a estar no topo 1. É de fazer cair o último dente.

E você? Já viu algum destes filmes ou conhece outro bem mais assustador? Deixe o seu comentário.

Especial Halloween

Dicas, Opiniões, Yummy Food

Food |Mimini de Peixe – Restaurante Sal & Grafia – Uma Deliciosa Gastronomia Moçambicana| Review

YUMMY FOOD

Na correria típica dos humanos, quando chega a hora das refeições, domina a pressa e procuramos um local de fácil acesso, observando sempre a relação qualidade/preço. Tanto para quem vem de visita e está num ritmo mais calmo, como para os residentes atarefados, Maputo oferece várias opções. Um dos primeiros lugares visitados pela nossa tripulação nesta cidade, foi o restaurante Sal & Grafia, na Fundação Fernando Leite Couto. Mal entramos, já damos um maravilhoso mergulho num bar de cocktails e de livros, e depois, adentramos numa colorida e fresca esplanada. Se estiver mau tempo, podemos optar pelo interior que é aconchegante, e de brinde ver alguma arte em exposição. A experiência é agradável. O Sr. Francisco, de sorriso incansável, assegurou que o serviço (prato do dia) fosse entregue em pouquíssimos minutos. Aliás, todo o pessoal do restaurante é impecável. Mas a verdadeira estrela do dia, foi e é sem dúvida o mimini de peixe.

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Menu das quartas-feiras, este prato é económico e vale a visita. A base de peixe, mandioca, molho de coco e especiarias, a suavidade do mesmo mantém-se intensa na memória. Alguém terá dito tratar-se de uma variação de um prato típico do Norte do país. O menu destaca-se também pelas interessantes propostas de doces tradicionais. O “memória da cozinha”, que envolve sorvete de malambe, linfete, fiosses e matoritori é uma boa aposta para quem gosta de sabores fortes. Confessamos que o doce não nos impressionou tanto, pois os fiosses tinham um caldo ligeiramente pesado (da próxima iremos pelo “delícia moçambicana”). Mas de resto, revelou-se uma boa aposta. Então já sabem, se estiverem pelas bandas, numa quarta feira e em busca de um local para almoçar, experimentem esta delícia gastronómica. Não se irão arrepender.

Sal & Grafia

A nossa pontuação: 4 em 5 estrelas

[Onde: Avenida Kim Il Sung, 951

Info: http://www.fflc.org.mz/por/Sal-Grafia]

Livros, Opiniões

Literatura |”Em busca do mar certo” de Cri Essencia|Opinião

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Título: Em Busca do Mar Certo

Autora: Cri Essência

Editora: Alcance

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Sinopse

 “Após a morte da mãe, ainda que sem dinheiro para continuar com os estudos, decidiu não voltar para Moçambique. Preferiu navegar por marés desconhecidas, em busca do pico mais alto da sua existência. Sabia que voltar para casa era um dado adquirido, mas tencionara adiar tal regresso, para que não tivesse de se confrontar com o irmão, na luta pela herança que a mãe deixara. Longe do luxo a que se habituara, ajoelhando-se para limpar casas de banho de outrem, encontrou amor próprio numa nova dimensão.”

Opinião:

Uma capa esmerada é meio caminho para se conquistar um leitor. Esta premissa funcionou bem na ilustração desta capa, a qual captou de imediato a nossa atenção na prateleira da livraria. O romance (semi-biográfico), traz-nos a história de Paula Chonguene, uma corajosa moçambicana de coração aberto e malas cheias de esperanças, que decide aventurar-se pela Europa, experimentado os caminhos incertos de um imigrante. Desde a feitiçaria como motivo de desavenças familiares, até aos preconceitos e choques entre culturas quentes e frias, a autora confronta com honestidade crua, os dramas e os buracos negros dentro das nossas sociedades.

Há muitos personagens que compõem o mundo de Paula Chonguene, mas alguns  acabam por tornar-se silenciosos ou distantes ao longo da trama. Miguel e James são  exemplos. Todavia, o afastamento de James (par romântico de Paula) parece servir para permitir o desenvolvimento da protagonista.

Durante a narrativa, percebem-se também algumas pausas em que a protagonista mergulha em reflexões e analisa do seu ponto de vista a condição de quem vive na diáspora e os desafios que enfrenta, a condição de uma mulher que busca independência, e por fim, a condição do próprio ser humano. As reflexões fazem uma incursão pela história dos países europeus que a protagonista visitou, o posicionamento destes com relação aos estrangeiros, rumando à debates teológicos e de ideologias sobre o comunismo vs individualismo. Embora estes momentos desviem-se um pouco do foco principal do romance, não comprometem a leitura, pois estão inseridos no contexto e no ambiente íntimos à protagonista.

Faltou uma melhor diagramação na obra, mas tirando isso, adoramos conhecer Paula Chonguene, uma mulher inteligente, difícil, amorosa e batalhadora, que aprecia vinhos, e que tem uma bagagem valiosa por partilhar (sem falar do final surpreendente do romance, licorzinho para aquecer o coração dos leitores mais românticos como nós).

Sobre a autora: Cri Essência nasceu em Maputo e estudou na Escola Secundária Francisco Manyanga. É jurista pela Universidade de Lisboa, mestrada pela University of Groningen e actualmente residente em Londres.

A nossa pontuação: 4 em 5 estrelas.

(A tripulação de Linan)